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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

18/01/2021 - 21h29min

Daniel Andriotti

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O Sapo na Panela

Um texto meio ranzinza para essa semana. Diz a lenda que se jogarmos um sapo numa panela; enchê-la com água fria similar à de uma lagoa; e aos poucos formos aquecendo a panela com o sapo dentro, é natural que ele fique estático e não reaja. Irá se adaptando, sem perceber que a água vai fervendo aos poucos... e vai morrer. Inchado e feliz. Moral da história: ao invés de mudar o contexto, o sapo vai permitir ser mudado por ele. Porém, se o sapo for jogado na panela com a água fervendo, ele sentirá o calor e imediatamente vai pular fora.


Qual é a leitura disso? Que nós, brasileiros, em sua grande maioria, sofremos da síndrome do sapo fervido. Temos muitas dificuldades para perceber a constante mudança do ambiente à nossa volta. E cada vez mais vamos ficando acostumados com absurdos dentro dessa imensa panela cuja temperatura da água vai subindo. E tal qual o sapo vamos morrendo aos poucos: inchados e felizes.


Isso porque trabalhamos, em média, cinco meses por ano para capitalizar com tributos um Estado paquiderme, grande, gordo, lerdo e ineficiente. Dinheiro que, supostamente, deveria ser trocado por bons serviços públicos. Falta-nos segurança, educação, saúde, rodovias decentes. Não nos damos conta do quanto somos submetidos às decisões daqueles em quem votamos e elegemos – e não o contrário. Somos escravos de uma legislação trabalhista engessada, que dificulta e encarece o emprego. E que foi preciso uma recessão causadora de mais 13 milhões de desempregados para que os sapos na panela descobrissem que é melhor ser empreendedor, sem as amarras da “carteira assinada”. Pois então experimente abrir o seu próprio negócio no Brasil: prazos absurdos, burocracia, inúmeras certidões e inspetorias e, como se não bastasse, todas as outras dificuldades possíveis e imagináveis, o seu sócio majoritário – o governo – já arregaça a boca enorme, cheia de dentes para o seu lado cobrando os dividendos dele no negócio antes mesmo de você faturar o primeiro centavo.


Ao longo de décadas, fomos nos acostumando com o crime – seja ele organizado ou não –, com a bagunça urbana, com o tráfico de drogas, de armas, de influências; com a insegurança jurídica, com as leis de encomenda, com a corrupção que leva boa parte de nosso patrimônio; com a alegria alienada do carnaval e do futebol, com o desrespeito às nossas famílias, com a doutrinação estranha de nossos filhos, com o culto da mentira como ritual da política.


Para que não deixemos a água da panela ferver com a gente dentro é preciso – cada vez mais – alimentar nosso sentimento de cidadãos politizados. O mundo precisa de nós, meio chamuscados, mas vivos.



Enquanto aguardamos ansiosos e pacientes, vivemos à politização da vacina, como não poderia deixar de ser num país mesquinho como o Brasil. As pessoas me perguntam pelas ruas e pelas mídias sociais o que eu penso sobre vacinar, não vacinar, se ela é chinesa ou russa. Ora, se a vacina me imuniza em 50% já estou no lucro, pois nesse momento tenho 100% de chances de ser infectado. Vacinado, se eu me infectar, tenho 78% de chances de não sentir absolutamente nada. E mesmo que sinta, tenho 100% de chances de não precisar ser hospitalizado. E zero chance de morrer.


O bacana no Brasil é que se o presidente se vacinar, a esquerda não se vacina. Se o presidente não se vacinar, a direita também não se vacina. Logo, deve sobrar algumas doses extras...de vacina. De leitos com ventilação mecânica nos hospitais, não tenho tanta certeza...

Daniel Andriotti

Publicado em 15/1/21.

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