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24/06/2021 - 08h17min

Comportamento

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Vinte e Cinco Anos de Comportamento

Pela parceria firmada entre timidez e falta de liberdade para expor sentimentos aos familiares, encontrávamos aconchego na leitura de fábulas e contos de fadas, na escrita de diários, de cadernos de poesias e de pensamentos. Era o que tínhamos de possibilidades naquelas antigas infâncias presenciais.

Dias acontecendo em câmera lenta, na pequena cidade onde comecei a entender letras e algarismos, me acostumei a conversar com um caderno, transformar sentimentos em frases, escrever minhas próprias dúvidas sem pressa de encontrar respostas. Era assim que meu coração se acalmava, mal sabendo que, na verdade, tudo que eu procurava já estava guardado em mim.


Na adolescência, ler e escrever, ao som da boa música, foi a melhor das terapias. Aquele hábito de conversar com o meu diário, de procurar frases de grandes pensadores que resumissem um pouco o que eu acreditava ser o mundo, de decorar belas poesias e depois construir as minhas próprias, foi o que me trouxe até esta página.


Naquela tarde de sexta-feira, lá se vão duas décadas e meia, pela primeira vez escrevi uma crônica para este espaço. Já trabalhava na Gazeta desde o seu lançamento, revisando textos, procurando imagens para ilustrar matérias, organizando a coluna social. Fazia o que precisasse ser feito, incluindo digitar colunas alheias, passar um café quentinho para a equipe, receber visitantes. Ajudar a resolver problemas que por ventura surgissem, como substituir alguém, fazia parte do contexto.


Eram outros, aqueles tempos. O trabalho, mais intenso, mas muito bem compensado pela estreita convivência com as pessoas, o constante aprendizado. Anúncios, fotos, colunas, tudo era entregue em mãos, na sede do Jornal. São muitas as histórias do nosso dia a dia, como a da minha participação primeira como colunista de comportamento.


Eis que o cronista da época, professor Décio Andriotti, precisou viajar. E naqueles dias de internet engatinhando, de celulares grandes que funcionavam única e exclusivamente como telefones, ele não conseguiria enviar o texto, a menos que fosse por fax e digitado depois. Mas o tempo era curto, foi preciso encontrar uma solução rapidamente. Então, aceitei a incumbência provisória, que se transformou em permanente graças à receptividade dos leitores.


Vinte e cinco anos já se passaram desde a primeira vez que ocupei este espaço com minha mensagem escrita. Emociona-me pensar como a vida me encaminhou até esta tarefa que adoro realizar toda semana. Resultado da parceria firmada entre timidez e falta de liberdade para expor sentimentos, adotei a leitura de fábulas e contos de fadas, a escrita de diários, de cadernos de poesias e de pensamentos.


Era o que tínhamos de possibilidades para expressar o pouco que sabíamos de nós mesmos naquelas antigas infâncias presenciais, quando os dias aconteciam em câmera lenta.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 18/6/21.

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