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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

13/04/2020 - 10h53min

Daniel Andriotti

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Dicotomia Maquiavélica

Terça passada, dia 7, foi o Dia do Jornalista. Tenho um grande amigo, que há anos trabalha num dos ainda poucos jornais de impressão diária no Brasil, que diz: “jornalista é aquela pessoa que tem opinião formada sobre tudo, mas não se aprofunda em nada”. Eu sou menos ácido: acho que jornalista tem a função de transformar fatos em notícias para perpetuar esses acontecimentos na história. Mais poético, né? Há quem diga que jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade.


Por falar em publicidade, recebi muitos cumprimentos pelo Dia do Jornalista, que agradeci à medida do possível, mas sempre esclareço que embora o jornalismo esteja infiltrado nas minhas veias desde 1983 – e lá se vão 37 anos quando comecei junto com o extinto jornal O Repórter –, a minha graduação é em publicidade e propaganda, a terceira do triunvirato da comunicação social, ao lado do jornalismo e das relações públicas. A partir daí seus profissionais se pulverizam em diversas áreas, como cinema, áudio visual, marketing, mídias digitais, comunicação organizacional e por aí afora. Ponto, nova linha, parágrafo, letra maiúscula.


Vivemos uma dicotomia. Divisão de um todo em duas partes: no caso, a vida e a morte. Muito provavelmente você já ouviu a expressão ‘plano maquiavélico’. Pois bem, o italiano Nicolau Maquiavel foi um filósofo, historiador, poeta, diplomata e... estigmatizado pela heresia: seu pensamento era prático e efetivo, do ponto de vista político e militar, não gratuitamente maldoso como as frases atribuídas a ele. O termo “maquiavélico” é descrito como ardiloso, astuto, pessoa que não se importa com os meios usados para atingir seus objetivos. Três de suas célebres frases que mais me impressionam são:


“Quando você tiver de fazer algum mal a alguém, faça-o todo de uma só vez. A dor será intensa, mas apenas uma. Já o bem, faça-o em parcelas. O favorecido ficará alegre e grato a você várias vezes”;


“O fim justifica os meios”;


“Nunca foi sensata a decisão de causar desespero na humanidade”.


É sobre essa frase que eu quero falar. Embora tudo o que nos chegue de informações sobre o Coronavírus seja insuportavelmente indigesto nesse momento – até porque as raríssimas notícias boas são ofuscadas por centenas de dados aterrorizantes – não tem como ignorá-las. Ruim com a enxurrada de informações, pior sem elas. Fato é que o mundo perdeu o controle sobre o avanço do vírus. No entanto, e aqui entra o conceito maquiavélico, argumentos de que “é só uma gripezinha” ou “só estão morrendo pessoas idosas, com histórico de diabetes, doenças pulmonares e cardiovasculares” não se sustentam. E mesmo que fosse verdade, se a pandemia matar uma pessoa – independentemente da idade – qualquer país tem obrigação de tentar salvá-la.


Outra: muitas autoridades da comunidade científica alertam que pessoas seguem morrendo de infarto, câncer e outros tantos tipos de doenças, é lógico. E até mesmo aquelas atingidas por tiro, facada ou acidentes de trânsito, a família recebe o atestado de óbito com a ‘causa mortis’ carimbada por Covid-19. Difícil de acreditar? Não. Nem aqui nem em outros lugares do mundo tidos como “mais sérios” do que nós. Mas a quem interessa essa manipulação estatística? À esquerda? À direita? À economia? À disputa de poder?


Quem viver, verá. Espero que todos nós.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 10/4/20.

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