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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

24/12/2018 - 09h04min

Daniel Andriotti

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Copa Libertadores da Europa

Eu sei que deveria estar escrevendo algumas mal traçadas linhas sobre a magia do Natal, ou sobre o Santa Clauss, presépios, presentes. Enfim, sobre a noite feliz. Mas já fiz isso tantas outras vezes e falei tão pouco sobre futebol aqui nesse espaço que sinto uma necessidade imensa de dar um pitaco sobre a realização da final da Copa Libertadores da América, na Europa, semana passada. Sim em Madri, na Espanha. E, certamente por isso, dentro da mais perfeita ordem. O que mostra mais uma triste realidade da América Latina: precisamos cruzar o Atlântico para nos tornarmos civilizados. Tipo aqueles que, em Porto Alegre xinga tudo e todos. É um selvagem. Mas basta chega em Gramado para se transformar no suprassumo da gentileza.


Então, por que precisamos ir até a Europa para que nos comportemos adequadamente? Será que não conseguimos organizar uma partida de futebol tão tensa quanto um clássico local em completa harmonia? Enquanto houver estádios onde jogadores dos times visitantes precisam ser protegidos pelos escudos dos policias na hora de cobrar o escanteio é porque está tudo errado mesmo.

Sim, os europeus também possuem grandes defeitos. Há brigas nas torcidas (é só ver como foram as últimas semanas em alguns estádios europeus). Mas nós, latino-americanos, alimentamos nosso complexo de vira-latas ao conceito tosco de sermos incivilizados apenas no nosso continente. O jogo River e Boca, de Madri, ocorreu dentro da mais absoluta normalidade. No entanto, a celebração dos campeões em Buenos Aires terminou em confrontos de torcedores com a polícia. Mais do mesmo.

A final de uma Copa Libertadores da América (repito, da América) acontecer no estádio de um clube espanhol é um total contrassenso. Ter, ainda, a promoção de uma ferramenta de marketing da La Liga aparecendo durante toda a transmissão só reforça a incapacidade dos latinos em promover, decentemente, um torneio de futebol nem tão complexo assim.

Para quem trabalha com esporte, não há qualquer possibilidade de celebrar o que foi feito neste ano pela Conmebol. A entidade, que sempre foi um grande balcão de negócios tenta, desde 2015, se reerguer de alguma forma dos escombros deixados por Nicolas Leóz. E cada vez mais piora as coisas. Se realmente quisesse melhorar sua imagem, a entidade deveria se preparar para substituir o conchavo político pela gestão técnica e profissional. O enredo que cercou a Conmebol este ano foi digno de comédia latino-americana. Somos bárbaros e incapazes de evoluir como sociedade. A não ser que precisemos cruzar o Atlântico para visitar os países que nos colonizaram. Aí somos comportados como bons meninos que foram à casa dos avós passar o final de semana e não quiseram dar vexame.

Mas os próprios dirigentes de clubes latinos gostam de jogar contra Boca e River, que inscrevem atletas irregulares na competição sabendo que não serão punidos. No entanto, o Santos foi. O técnico do River, na semifinal contra o Grêmio aqui em Porto Alegre, burlou o regulamento e entrou no vestiário do jogo sem autorização. E ficou por isso mesmo. Nada aconteceu. Na final que não aconteceu em Buenos Aires, a barbárie dos torcedores do River contra o ônibus do Boca fez o jogo decisivo do campeonato ser remarcado quatro vezes, adiado por quase um mês e, por fim, transferido para a Europa.

Por fim, para completar a comédia em vários atos, como se não bastasse a Argentina ser incapaz de organizar uma final foi preciso levá-la justamente para o país que colonizou os argentinos. Fecha a tampa do caixão!!!


Que nessa noite feliz, o bom velhinho seja mais generoso e menos ingrato.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 22/12/2018.

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