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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

17/09/2018 - 14h07min

Daniel Andriotti

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Quociente de Fatalidades

Nove em cada dez brasileiros – e estamos há cerca de 20 dias da eleição –, ainda não sabe em quem vai votar. Para cargo nenhum. E a época é de desenfreada e agressiva caça ao voto. Custe o que custar, doa a quem doer. Portanto, quem tem a oportunidade de falar ou escrever para um grande grupo de pessoas, como nós, da imprensa, é importante que algumas coisas sejam esclarecidas. É nosso dever e nossa salvação.

Por exemplo: numa eleição, existe uma ‘nota de corte’ chamada quociente eleitoral que vai servir de indicador para a formação de uma bancada. O quê isso significa exatamente? Significa que o número de votos válidos (todos, menos os brancos e nulos) é dividido pelo número de vagas existentes. Pois bem, todos nós sabemos que, no Brasil, para qualquer pessoa concorrer a um cargo eletivo, ela precisa necessariamente estar filiada a um partido. Com isso, cada vez que o partido atinge um determinado quociente eleitoral, ele conquista uma vaga na Câmara. Então, se o quociente eleitoral é de 10 mil votos, 20 mil votos elege 2 candidatos, 30 mil votos elege três e assim por diante. Ou seja: quanto maior for a soma de votos de um partido, maior é a chance desta sigla eleger um grande número de candidatos.

Qual é, então, a estratégia da politicagem barata, conservadora e egoísta? Aproveitar-se da popularidade de um personagem cômico qualquer, ‘puxá-lo’ para dentro do partido e, num contexto de que ninguém aguenta mais os políticos tradicionais e corruptos de sempre, ‘vendê-lo’ como um voto de protesto. Muitos eleitores ingênuos e desavisados acabam ‘embarcando’ e caindo na ‘cilada’. E optando pelo pseudo voto de protesto. Assim, o ‘personagem popular’ se elege fazendo imensa votação. Na ‘carona’ da sua imensa votação, o partido conquista inúmeras vagas elegendo as mesmas raposas peludas de sempre que, uma vez ‘empoderadas’, irão ‘isolar’ ou ‘escantear’ das decisões aquele personagem-locomotiva que o elegeu indiretamente.

Quando isso vai acabar? Nunca. Ou por milagre no dia em que houver uma reforma política séria. Mas e quem vai fazer essa reforma política séria? Não será quem tem mandato, né? Por isso, leitores, na minha modesta e humilde opinião, deveria ser criada uma assembleia nacional formada por importantes lideranças da elite pensante desse país. Atenção esquerda comuno-socialista: elite pensante não é elite financeira e patrimonial, detentora do sistema capitalista e opressor. Penso numa assembleia de coalizão, onde as principais entidades participativas e decisórias na vida deste país estejam representadas por seus líderes, mesmo que filiados a algum partido político, mas que não exerçam mandatos eletivos. Assembleia essa, que deverá ser imediatamente destituída após a conclusão da reforma.

Portanto, pense bem antes de votar. Esses que aí estão – ou os que serão eleitos no mês que vem – jamais mudarão esse imenso pacote de benesses que lhes enriquece e que, em contrapartida, aniquila e permite que escoe pelo ralo a estrutura econômica do estado brasileiro. Avalie, pesquise o passado do candidato e só então, depois, digite o número dele na urna eletrônica para confirmar. Talvez ele possa ser um aliado da minha utópica assembleia de coalizão.

Primeiro, um candidato morre de infecção hospitalar. Depois, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte desaparece no mar com helicóptero e tudo. Nem o lenço dele é encontrado. Na próxima, o presidente eleito é deposto por um Fiat Elba velho. Na outra, cai mais um avião e nem sequer a caixa preta se recupera. Em seguida, o ministro-relator da operação Lava-Jato também morre num acidente aéreo (puxa vida, como caem aviões no Brasil?!?). Depois, uma presidenta também é deposta por um suposto golpe. Agora, alguém leva uma facada no abdome. Esse país é mesmo o campeão de fatalidades políticas. É muita falta de manutenção nessas aeronaves…

Uma semana depois do Gre-Nal e parece que as feridas não cicatrizam. O imortal tricolor ganha, empata ou é roubado. Perder, jamais!!! Se o resultado não lhes favorece é porque existe uma teoria da conspiração instalada e apoiada pela mídia, pela Federação Gaúcha, pela CBF, pela Fifa, pelo Supremo, pela Al-Qaeda, pelo Trump, pelo Papa. É sempre assim. Nunca vai mudar. E sabe por quê? Porque tem quem aplauda.



Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 15/9/2018.

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