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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

02/07/2018 - 14h05min

Daniel Andriotti

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Os alemães. Os russos. E nós

Muito bem. Nesse momento em que o mundo é governado pela Fifa, o Brasil está nas oitavas de final da Copa da Rússia – diferentemente da favoritíssima e atual campeã Alemanha (afinal de contas, ninguém mete 7 a 1 num povo macumbeiro e fica impune). E então, deduzimos que os cidadãos germânicos vão ter que engolir o choro e se lamentar em meio à sua altíssima qualidade de vida, se deprimir com seus eficientes serviços públicos de saúde, educação, transporte coletivo e segurança. Jorrar suas lágrimas sobre praças arborizadas e ruas extremamente limpas. E reclamar muito da vida porque os índices de corrupção dos seus políticos beiram a zero. Enquanto isso, a nação mais alegre, divertida e roubada do planeta é só felicidade com a sua seleção, certo? Errado.

A felicidade total por aqui e por enquanto só mesmo nos sorrisos cínicos da politicalha de rabo preso que está desfrutando de uma eventual trégua por parte da imprensa convencional e das redes sociais que ‘contaminam’ essa tal de opinião pública. Principalmente neste que é um ano de eleições (as Copas do Mundo acontecem sempre nos anos da eleição presidencial no Brasil. Num país de muitos espertos para poucos otários, isso deve ser coincidência, né?!?!?!). Essa é a época da maior alienação da sociedade organizada – aquela parcela da população que, mesmo sendo maioria silenciosa, ainda pode fazer alguma coisa quando se revolta. Pelo menos até 15 de julho, o futebol irá preencher mais da metade do tempo dos telejornais, das páginas das revistas, das filosóficas conversas de bar. Portanto, o gigante segue adormecido e embriagado pelo ópio do povo.

Mas a Rússia, anfitriã da Copa deste ano – e que até aqui segue viva na competição – é um país frio e de costumes exóticos. Talvez e por imensa culpa do Putin, é um povo apaixonado pela voda. Eu disse ‘voda’ e antes que, você leitor da mente suja pense bobagens, trata-se da tradução literal russa para.... água. Aguardente, no caso. Que aqui é a velha e boa cachaça, lá é vodka, termo adaptado do polonês, inventor dessa bebida miraculosa que nunca congela. Pois a Rússia é o quarto maior consumidor de álcool do mundo perdendo apenas para Moldávia, República Tcheca e Hungria, cujas seleções não conseguiram vaga para o mundial deste ano. Ou seja: enquanto o resto do mundo joga futebol, esses três povos etílicos se encharcam. E bem. Cada russo ‘empina’ cerca de cinco galões de álcool puro por ano, o dobro do limite recomendado. Isso dá 18 litros a cada doze meses, 1,5 litros a cada 30 dias per capita. Algo como 50 ml por dia. Lembre-se: é álcool puro: 96 graus. E 90% desse trago todo é consumido pelos homens. Pois bem: bebendo desse jeito, os homens russos ficam ainda mais românticos do que já são. Eles adoram entregar flores de presente às mulheres russas que, em sua imensa maioria, são belíssimas. Tanto as flores e as mulheres. Alguns russos também dão flores a outros homens russos (alô, militância de plantão: já dei a minha contribuição e não precisam mais me taxar de homofóbico). Mas tem um detalhe: sempre presenteiam – seja lá quem for – com um número ímpar de flores. Número par no buquê somente para quem não vai ligar para isso: os mortos. Eu pergunto: como é que eu e você vivemos até hoje sem saber disso???

Mas enfim, dentro das quatro linhas o lado bom da Copa é que o Brasil ainda pode ser hexa. O lado ruim? A Argentina pode ser tri.



Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 30/6/2018.

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