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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

19/03/2018 - 14h35min

Daniel Andriotti

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Tiros ideológicos

“O Rio de Janeiro continua lindo...”, escreveu e cantou Gilberto Gil em “Aquele Abraço”, no distante 1969. Existe uma piada antiga e de gosto duvidoso sobre a criação do mundo onde, um assessor de Deus, ao ver o quão maravilhoso estava ficando o “lay-out” do Brasil, questionou o Chefe Divino e Criador o porquê daquele capricho com as belezas naturais desse país da América Latina paralelo à não programação de terremotos, vulcões e outras catástrofes. E então, Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, disse: “tu vais ver o tipo de gente eu vou colocar lá dentro...”

O Rio é lindo mas é cruel. Nem parece que há uma intervenção federal há 30 dias com força militar em vigência. Em tempo: não sou contra o exército na rua quando a situação perde o controle. Muito pelo contrário. Quando as coisas não se resolvem pelo amor, precisam ser solucionadas pela dor.
Infelizmente. Algo precisava ser feito numa tentativa de frear – ou intimidar – a situação (ou o verdadeiro sentimento) de terra sem lei. Anarquismo não rima com democracia.

No entanto, os tiroteios, assaltos, arrastões, rebeliões e execuções que, juntos, evidenciam o poder de força por parte do narcotráfico, continuam em alta. E agora, José? O assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, durante essa semana e em meio à turbulência que divide opiniões sobre a eficiência das forças armadas no Rio. O crime pautou ainda mais o quadro caótico e de colapso total da segurança pública na capital carioca que é, por tabela, um reflexo do Brasil, respeitando as devidas proporções. É evidente que a vereadora carioca não foi morta durante um assalto. Ela era uma militante que se pautava pela defesa de mulheres, negros e pobres, denunciando, principalmente, a violência da polícia contra essa população. Uma lástima. Mas o que me preocupa, no entanto, é o excesso de holofotes midiáticos sobre esse caso. Tem muita bandeira ideológica para poucos sinais de solução. Assim como a vereadora – cujo assassinato ganhou notoriedade internacional por se tratar de uma pessoa pública – dezenas de pessoas morrem diariamente somente no Rio de Janeiro por conta de uma violência evidentemente sem controle e que vira uma estatística banal. Sem TV, sem rádio, sem jornal, sem discursos inflamados....

Semana passada, um músico do grupo Afro Reggae saía de um show com a namorada e encostou-se num poste na Central do Brasil, sofrendo uma descarga elétrica. Uma fatalidade? Não. Execução tal qual o da vereadora. Só que com um modus operandi diferente. Como se não bastasse, pessoas que passavam pelo local, ao invés de socorrê-lo, o saquearam levando a carteira e o celular. Isso não é pouca coisa. Não é mais nem menos do que o ocorrido com a vereadora. Não vi manifestações nas esquinas das principais capitais do Brasil...

Portanto, Deus tinha razão quando justificou a sua criação ao assessor divino...

Tudo já foi dito sobre o Gre-Nal e muito mais ainda teremos o que falar nos próximos dois clássicos desse Gauchão (logo ali, ainda outros dois pelo Campeonato Brasileiro). Como não me enquadro na categoria de comentarista de resultados, preciso admitir que domingo passado, no Beira-Rio, quando o Grêmio fez dois a zero, já tinha perdido outras duas oportunidades claríssimas e o jogo estava só na metade do primeiro tempo, pensei: “Vira em 5 e termina em 10”. O segundo tempo foi um pouco mais animador para quem é colorado. Um pouco. Muita transpiração, quase nenhuma inspiração. Melhor que nada. Pior que tudo.

O ano colorado promete: 2016, definitivamente, parece não ter fim.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 17/3/2018.

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