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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

08/01/2018 - 17h12min

Daniel Andriotti

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Feitiço, crustáceos e equinos

Há duas semanas a deputada federal Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, entrou para as estatísticas de segurança pública. Virou gente como a gente. Ela e o marido foram assaltados em frente da casa onde moram em Porto Alegre. Três bandidos levaram o carro e alguns pertences. Felizmente ninguém ficou ferido e alguns dias depois o carro foi recuperado. Aqui estaria encerrada a notícia caso a parlamentar não fosse quem ela é.

Por ter sido Ministra-chefe da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República e explicitar a defesa daqueles que, dentro de um determinado conceito são tratados como ‘vítimas excluídas da sociedade capitalista’, a deputada foi ‘massacrada’ nas redes sociais. Até porque, muitas vezes ela classificou a polícia – para quem teve que recorrer como qualquer cidadão – como uma instituição opressora e fascista no combate ao crime.

É evidente que nessas horas entra em cena questões como ideologia, partidarismo, intolerância, rancor – e em se tratando de uma pessoa pública cujos principais argumentos vão contra a opinião do cidadão comum escorraçado pela falta de segurança – o feitiço vira contra o feiticeiro. Nem poderia ser diferente no sistema da ‘lei do retorno’. Alguns, mais agressivos, chegaram a questionar se ela havia ‘dialogado’ com os criminosos para ‘socializar aquele bem de consumo’; outros lamentaram o fato dela não ter sido agredida... e ainda, que ao invés da polícia deveria ter chamado o MST, entre outras coisas um tanto quanto piores e agressivas...

Extremismos a parte é evidente que ninguém quer ou não se importa em ser assaltado. Antes do Natal, o deputado estadual Gilmar Sossella, do PDT, também teve seu veículo roubado (e no porta-malas havia um sentimental acordeon de 120 baixos). No entanto, a ocorrência ocupou raríssimas linhas do noticiário. O caso da deputada Maria do Rosário tomou essa proporção junto à opinião pública por ela utilizar uma verdadeira chaga da sociedade como sua principal bandeira de campanha.
Evidentemente não acho que a deputada Maria do Rosário tivesse que passar por trauma pior (o simples fato de ter uma arma ameaçando a sua vida já é um trauma sem precedentes). O que não me impede de discordar de algumas das suas retóricas. Há algum tempo, ela chegou a dizer que preferia ver um policial tombar no lugar dos três bandidos que entraram em confronto direto com ele. Ou quando ela classifica, por exemplo, que o pior criminoso precisa ser tratado também como um ser humano, enquanto que a vítima dele, na maioria das vezes, só pode ser tratada como cadáver. Inversão de valores não rima com populismo hipócrita. E isso me incomoda muito...

Já que o assunto é violência, sectarismo e redes sociais, vamos adiante: quando Lula e Dilma tiveram de tratar seus tumores cancerígenos, ambos o fizeram nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês: os dois melhores do Brasil e que não trabalham com convênios. Fizeram a escolha que considero muito justa em se tratando de Presidentes da República. Ambos, felizmente foram curados.

Parte integrante de uma direita conservadora entendia, manifestando-se através das famigeradas redes sociais, que eles deveriam ter feito esse tratamento pelo SUS. Isso, todos nós sabemos, seria uma sentença de morte.
Agora, Michel Temer está com a saúde debilitada agravada por um problema urinário e trata-se nos mesmos hospitais. Então, parte de uma esquerda raivosa entende – via Facebook, Twitter e Instagram – que esse sofrimento é pouco; que ele deve sangrar mais, até morrer...

Na semana passada o governo do RS adquiriu 118 novas viaturas para a Brigada Militar. Todos entendem e concordam que a polícia deve estar muito bem equipada para combater um crime cada vez mais organizado. Só que os veículos adquiridos foram da marca Corolla, fabricado pela Toyota. Embora classificado como um automóvel de alta eficiência e baixíssima incidência de manutenção – o que é bom negócio sob o ponto de vista da relação custo versus benefício – teve chiadeira: primeiro por ser um veículo caro para os padrões da classe média brasileira. Segundo por não ter sido valorizada uma montadora daqui, como a GM, por exemplo, e blá, blá, blá. Isso explica muita coisa – enquanto gaúchos e brasileiros – para termos chegado aonde chegamos em se tratando de andar de lado, como caranguejos ou de crescer como rabo de cavalo: pra baixo.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 6/1/2018.

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