Gazeta Centro-Sul

Contato: (51) 3055.1764 e (51) 3055.1321  |  Redes Sociais:

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

11/12/2017 - 14h34min

Daniel Andriotti

Compartilhar no Facebook

enviar email

Bola ao Centro

Leitores, eu sei que assunto da hora é o Santa Clauss, aquele simpático velhinho barrigudo, de barbas brancas, que faz ho, ho, ho e vem da Lapônia – praticamente aqui ao lado: 900 quilômetros ao norte de Helsinque, capital da Finlândia. Mas depois dele trazer todos os presentes na noite de Natal, vem a mudança de ano. E essa ‘passagem de ciclo’ muda o quê, exatamente, nas nossas vidas?

Na nossa cabeça, tudo. Na vida real, nada. As coisas continuam a ser exatamente igual ao que sempre foram. Bandido matando, político roubando, banco explodindo, bêbados dirigindo, mendigo na rua, buraco na calçada, o Inter perdendo, o Grêmio ganhando. Exceção seja feita ao calendário: esse é o único que muda radicalmente na virada do ano...

Mas a gente fica se enganando, é claro. Porque se enganar é preciso. Primeiro, vem o trauma das reflexões sobre tudo aquilo que queríamos ter feito no ano que ora se encerra, mas... não deu. Cumprir aquela listinha de metas estabelecidas para o ano não é fácil. Ah, você não fez listinha??? Então bate aquele desespero numa tentativa suicida para concluir em dezembro tudo aquilo que não fez o ano todo. E para ajudar surgem três ou quatro amigos-secretos por noite, aniversários, festinhas de despedida, formaturas...

Então, vamos de novo (até porque, não tem outro jeito): é chegada a hora de fazer promessas, rituais, preparar as sementes que serão colocadas na carteira, lentilha, porco (porque o porco fuça pra frente e é para frente que se anda), arroz à grega, pulamos sete ondinhas do mar, vestimos calcinha amarela, cueca branca e bebe-se champanhe barata para que a confiança aumente. E vem a queima de fogos que, ao invés de nos garantir um futuro iluminado, só serve para fazer os cachorros entrar em surto psicótico. Inebriados por todas essas simpatias vamos dormir, flutuando, querendo que aquele momento se perpetue. No dia seguinte, quando acordamos, a única coisa que mudou foi a dor de cabeça que não havia na noite anterior... e aquele gosto de cabo de guarda-chuva no céu da boca...

Mas se não há milagres também não pode haver estresse: vade retrum pessimismo. Vai-te embora ano velho. O bom é entender que temos a capacidade da reinvenção em cada instante. Não é preciso esperar o final do ano porque em qualquer período da vida nada muda se a gente não mudar. Qualquer dia é dia. É impossível chegarmos a novos e diferentes lugares se utilizarmos sempre a mesma estrada e o mesmo caminho. Votos de um ano bom pode surtir algum efeito? Lógico!!! “Este ano, quero paz no meu coração?” Claro!!! Todo mundo quer. Mas para fazer acontecer de verdade é bom esquecer a morosidade cômoda, a zona de conforto, as promessas mirabolantes de parar de beber, de fumar, de fazer exercícios físicos ou de mergulhar em dietas imaginárias e mirabolantes. Mudanças exigem coragem, enfrentamentos, ousadias, lucidez, determinação, requer desestabilidade de convicções enraizadas, desapego, coisas com as quais estamos pouco dispostos a lutar. A vida é movimento. É inconstância. É sangue nos olhos, suor e tremores nas mãos.

Então – por falar em mãos – mãos a obra. O momento é de arregaçar as mangas e tomar as rédeas das nossas decisões mesmo que muitas vezes percamos o controle dos percalços pela frente. Só assim estaremos prontos para realmente entrar de sola num novo dia, num novo mês, num ano novo. Deixemos de ser ranzinzas com as voltas que esse mundo dá. Bola ao centro porque vai começar tudo de novo... mas começar tudo de novo – dessa vez sendo mais sendo feliz.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 9/12/2017.

Últimas Notícias

Este site da Gazeta Centro-Sul s
Ler mais

Aulas Presenciais em Guaíba
Ler mais

Monumento Farroupilha
Ler mais

Publicidade

Institucional | Links | Assine | Anuncie | Fale Conosco

Copyright © 2024 Gazeta Centro-Sul - Todos os direitos reservados