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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

04/12/2017 - 14h31min

Daniel Andriotti

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O Limite do Tolerável

Torcer e secar faz parte de um mesmo jogo. Por isso, os dias têm sido cruéis e traiçoeiros para a alma colorada. Os dias não. Os meses. Mais ainda: os últimos dois anos, em especial. Parece que 2016 não tem mais fim. E antes que 2017 acabe, o que já está extremamente doloroso ainda pode piorar...

Em terra de chimangos e maragatos, azuis e vermelhos – onde tudo é polarizado –, a rivalidade dá o tom da vida: o sucesso de um fez a grandeza do outro. Pois enfim, deu a lógica. Não imagino que possa ter passado por alguma cabeça ingênua que essa lógica pudesse ser inversa. Mesmo que lá no fundo do interior do cérebro, onde há uma gavetinha chamada desconfiança, nem o mais cético colorado ou o mais cauteloso gremista acreditava que o desqualificado Lanús fosse reverter o resultado que o Grêmio havia feito na Arena há uma semana. Até porque o placar miúdo tornou-se gordo demais para ser lipoaspirado lá. E tudo o mais que poderia ser dito sobre esse jogo já foi exaustivamente exposto por todas as mídias. Mídias tradicionais, sociais, alternativas, impressas, eletrônicas...

O Grêmio não tem culpa por ter cruzado apenas com adversários do tipo ‘galinha morta de encruzilhada’ em todas as fases da competição. Não sei – e nem posso avaliar – se essa foi a pior Copa Libertadores da América de todos os tempos. Mas se não foi a pior pode se credenciar como uma das piores. Repito: o Grêmio não tem nada com isso. Todos os repórteres esportivos, comentaristas e narradores de todos os veículos de comunicação de todos os continentes de todas as galáxias concordam que o Grêmio foi campeão porque é um time organizado, porque tem alguns jogadores acima da média, porque marca bem – e por isso ocupam de forma inteligente todos os setores do campo –, e porque erra poucos passes. Parece uma fórmula simplista para o futebol. Mas é tudo o que todos os outros não conseguem ter. E se, o Grêmio tivesse ainda, um melhor aproveitamento nas conclusões, as vitórias seriam bem mais fáceis.

O que me preocupa enquanto cidadão que tenta conviver civilizadamente – e isso serve para torcedores de Inter, de Grêmio, de Corinthians, de Palmeiras, de Flamengo, de Boca, de River... – é a pequenez que envolve a supervalorização da desgraça alheia que na maioria das vezes extrapola o limite do tolerável. Em qualquer circunstância da vida o fato de saber perder torna-se fundamental para o convívio entre opostos.
Adversários não podem ser inimigos. Mas quando a arrogância da rivalidade atropela o reconhecimento daqueles que sabem perder é porque caminhamos a passos largos rumo ao caos, à violência, à selvageria... do corpo e da alma. O sentimento das exaustivas e ruidosas comemorações após a conquista de um título (seja qual for a sua grandeza ou a falta dela) se refere a 2% de euforia e orgulho pela vitória do seu time; e 98% endereçados à desgraça do seu adversário, com requintes de humilhação, de desconstrução da imagem, dos seus méritos, da sua história e da sua consequente redução a pó. E no caso da conquista tricolor da última quarta-feira, o adversário em questão não era o Lanús...

Já que falei em ‘galinha morta’, o grupo do Brasil na Copa da Rússia é um aviário. Mas quase não deu para ver o sorteio porque todas as grandes emissoras só falavam no Renato, no Grêmio, no Luan, no Renato, no Grêmio, no Renato, no Grêmio. Por isso acredito que o mundo realmente não tenha nada mais importante para nos informar...

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 2/12/2017.

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