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Quinta-feira, 09 de maio de 2024

05/06/2017 - 15h22min

Daniel Andriotti

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Resíduo Político

Na edição de 24 de maio da Revista Veja (já sei: a Veja é coxinha; a Carta Capital é petralha. A primeira escorraça o PT e a esquerda de um modo geral; a segunda ama o Lula sob todas as coisas. Eu leio as duas e fico impressionado com o excesso de parcialidade de ambas, embora aceitável para uma imprensa livre e democrática, onde cada uma puxa a brasa pro lado do assado que mais lhe convém). Feito o esclarecimento, quero falar do artigo “Um País Inviável”, do articulista José Roberto Guzzo, diretor editorial do Grupo Exame e integrante do Conselho Editorial da Editora Abril. Por vezes coxinha, por vezes petralha...

As pessoas que lêem os meus textos aqui, semanalmente, costumam me abordar pelas ruas, nas filas (malditas e intermináveis filas) dos bancos, dos supermercados, das lotéricas e do catamarã, para me perguntar como eu defino a atual situação deste Brasil-escândalo, onde a cada cinco minutos todas as mídias nos bombardeiam com uma interminável sucessão de fraudes, de desvios de verbas públicas, de conchavos nefastos, de corrupção, de caixa dois. E não é lá longe em algum lugar do mundo. É aqui, onde vivemos (até porque, o nosso país é o líder nesse segmento). Nosso destino está nas mãos de delegados, de procuradores públicos e de juízes criminais...

Mesmo com essa intensidade de informações, confesso não ter muito que dizer (porque o que eu sei – ou o que eu penso que sei – é a mesma coisa que todo mundo sabe ou pensa que sabe).  Mas encontrei nesse artigo do J.R. Guzzo, uma analogia perfeita para o atual momento político – e por consequência econômico – que vivemos: o Brasil é governado por uma usina de reprocessar lixo. Entra lixo de um lado, sai lixo de outro. Não há reciclagem. Não há coleta seletiva – logo, não há reaproveitamento. A compostagem fede. Só tem resíduo perigoso. Letal. E isso nos desencanta e nos faz acreditar que somos inviáveis como nação que trabalha muito, produz quase tudo e tem muito pouco ou quase nada de retorno como recompensa. Desanima também por acreditar nessa cultura generalizada de que nossos políticos – e governantes públicos de um modo geral – só enxergam seus interesses próprios e imediatos. E dane-se o resto !!!

Ultimamente, tenho ‘devolvido’ as perguntas que não sei responder aos meus leitores. Por exemplo: como resgatar a lucidez, a esperança, a dignidade e a autoestima do povo brasileiro num momento em que cada vez aumenta mais – como se fossem urubus na carniça – a ganância e a voracidade da classe política por dinheiro? Pelo nosso dinheiro!!! Somos, enfim, uma colônia saqueada. Coitados dos leitores, eles também não sabem o que responder...

O fato é que as sucessivas (e graças a Deus intermináveis) investigações e denúncias da Operação Lava-Jato (há quem não goste dela...) contra essa politicalha travestida de organização criminosa instalada na cúpula dos governos (seja de qual for o partido – pois os que estão lá, em algum momento, foram ou são apoiados pelos que se escondem atrás da moita quando a cobra fuma mas não abrem mão de roubar tudo o que vêem pela frente) nos fazem sentir vergonha de ser brasileiros. Mas, então, por que sentir vergonha por crimes que eu e você – em tese – não ajudamos a cometer?

Há os mais inconformados – e entre esses eu me incluo –, que prometem sair às ruas na primeira manifestação pública porque não aguentam mais tantos crimes. Detalhe: sem depredar nada, sem bandeiras partidárias e nem máscaras no rosto. Querem apoiar efetivamente toda e qualquer forma de combate à corrupção. Não querem saber de nomes, nem de partidos – embora seja necessário por esse desgastado modelo eleitoral que aí está. Repetem incansavelmente um refrão do Facebook que diz: “não tenho político-bandido de estimação e não faço parte de torcida organizada de partido”. Aliás, eu já tenho uma bronca contra torcida organizada de futebol; imagine leitor, o que penso sobre gangues disfarçadas de partidos políticos? Melhor não imaginar...

E para finalizar, vivemos a iminência de um novo presidente da república: seja eleito por um voto que não será o nosso; seja por uma decisão tomada às pressas (cheia de interesses escusos) sob a ótica das “diretas já”. Em ambos os casos, o eleito poderá subir a rampa do Palácio do Planalto a bordo de um camburão da Polícia Federal...

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 3/6/2017.

 

 

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