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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

17/04/2017 - 10h44min

Daniel Andriotti

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A sexta é santa, mas o domingo é de gula...

A páscoa é uma daquelas datas embaraçosas para quem, como eu, teve filhos que adoravam questionar assuntos complicados. Isso porque a Páscoa é uma comemoração cheia de simbolismos, rituais e lembranças para diferentes religiões. Então, eu tive de conviver com perguntas do tipo: Por que a sexta-feira santa nunca cai no mesmo dia do mês? Ela é santa ou é da paixão? Por que se fala em ovos de chocolate se quem os traz é o coelho, que não põe ovos? Não teria que ser uma galinha ao invés de um coelho? E se fosse uma galinha, ela conseguiria pôr ovos de chocolate? Por que o sábado é de aleluia se Jesus ressuscitou só no domingo? E o que Jesus tem a ver com o coelhinho? Por que mandamos cartinhas para o Papai Noel e nunca para o Coelho da Páscoa? Por que temos que colher Marcela antes do sol nascer na sexta-feira da paixão? O coelhinho come Marcela? Por quê? Por quê? Por quê?

Tenho um amigo que costumava se vestir de coelho na Páscoa e de Papai Noel no Natal. Ficava horrível em ambos os casos (porque o figurino não era bom) e ainda traumatizava as crianças porque tentava negociar coisas como a troca do bico – também conhecido como chupeta –, por presentes e ovos de chocolates. Levava os filhos à dedução de que o Coelhinho da Páscoa e o Papai Noel eram a mesma criatura pelo simples fato de que a voz e o poder de barganha das negociações eram muito parecidas.

E a caça ao ovo? Divertido era esconder os ninhos (ou cestos) supostamente trazidos pelo coelhinho na noite de sábado. No domingo pela manhã, esse amigo acompanhava a diversão (ou sofrimento) das crianças tentando encontrá-los enquanto cantavam “Coelhinho da Páscoa, o que Trazes para Mim?”. Mas a alegria durava pouco. Primeiro, porque a mãe das crianças entrava em surto com a bagunça que ficava a casa. A criançada simplesmente revirava todas as dependências, deixando tudo de pernas para o ar na incessante busca pelos doces. Segundo: aquele filho que encontrava antes, se negava a ajudar os irmãos e muito menos dividir o seu ninho com eles. Fechava o enrosco. Muitas vezes nem o próprio pai conseguia encontrar algum ninho que ele mesmo havia escondido, momento em que o desespero tomava conta de todos, principalmente daquele filho que ficava sem seus doces enquanto os outros já estavam devorando as suas cestas...

Com a minha filha eu sempre fui de tentar o mais simples: escondia o ninho, mas utilizava farinha de trigo para deixar marcas pelo chão que imitavam as pegadas do Coelho. Essas marquinhas levavam até os doces. E as coisas mais complexas era no papo reto. Quaresma significa 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e o domingo de Páscoa. A sexta-feira imediatamente anterior ao domingo de Páscoa é a Santa ou da Paixão, que simboliza a morte de Cristo de uma forma cruel: crucificado. E ele ressuscita três dias depois, ou seja: no domingo. Isso no conceito católico. No judaísmo ela se chama Pessach e comemora a libertação do povo de Israel do Egito. Para todas as crianças essas explicações são secundárias. O importante é o conteúdo do ninho. E, ao meio dia do domingo de Páscoa, uma churrascada para comemorar a ressurreição de Cristo né? Com isso, pratica-se o princípio 1.1 dos sete pecados capitais: o da gula.

E a Marcela? A referida planta, no caso, não tem nada a ver com a jovem mulher do presidente Temer. Conta-se que quando Cristo subiu o calvário carregando a cruz nos ombros, havia bastante Marcela pelo caminho. Com isso, a planta passou a ser vista como sagrada e seu chá faria bem para todos os problemas de saúde, em especial, os males estomacais. Incluindo o principal deles: o de fígado, decorrente da... deixa prá lá. Explicava para ela que o sábado de Aleluia é o primeiro dia depois da morte de Jesus e um dia antes da Páscoa (meio óbvio, né?). Ou seja: uma espécie de vigília pascal relacionada com a preparação para a ressurreição de Jesus. Mas o que eu mais gostava de contar é que, também nesse dia, havia a malhação de Judas, o apóstolo traidor de Cristo. Surra nele. “Vamos romper a aleluia no lombo de alguém”...

Outra coisa bem simples: parece que o coelho participa de tudo isso porque é o símbolo da fertilidade. Mas lá vai um conselho: melhor não tentar explicar isso para as crianças...
Publicado em 14/4/2017.

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