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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

10/04/2017 - 15h17min

Daniel Andriotti

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Desobsessão primitiva

Guaíba e boa parte da região metropolitana de Porto Alegre torciam por Luis Arthur. Eu também, é lógico. Mas não deu. No entanto, outro gaúcho venceu o The Voice Kids. E então, vejo algumas pessoas revoltadas com isso. Qual é o problema? Ele cantava menos que os outros? Tinha menor timbre de voz? Desafinou uma vez que outra? Talvez a resposta para todas essas perguntas seja ‘sim’. Mas o quê isso importa agora? Ele foi fiel à sua origem durante todo o tempo. Inclusive no figurino. Por vezes foi o único que empunhou um instrumento nas apresentações. Tocou ou não aquela gaita no palco? Não faz diferença. Aquele gesto significou imposição e personalidade. Imagino que se fosse uma criança caracterizada de cangaceiro, cantando “Asa Branca”, o Brasil inteiro aplaudiria sem contestar. E tem mais: o nome do programa é The Voice Kids!!! E o único que tinha voz de ‘kids’ era o gauchinho Thomas Machado. É isso... Ponto.


Essa semana tive que ir à Gramado para um compromisso profissional de três dias. Estar em Gramado a trabalho é uma coisa, ir a passeio e brincar de turista é outra. Mas por que Gramado é diferente? Daí vem as respostas em forma de perguntas: porque Gramado é desenvolvida com foco no turismo? Pode ser. Porque se parece com um pedacinho da Europa? Talvez. É verdade que as ruas não têm buracos, as calçadas são limpas e organizadas, há belas flores nos canteiros das vias públicas e as pessoas que trabalham nos restaurantes, nos hotéis, nos cafés, nas lojas, nos bancos são extremamente gentis e solícitas. E isso é cultural. Mas será só para agradar turista? Não pode ser...

Há pessoas que dirigem por todos os lugares. Os motoristas da região metropolitana, de um modo geral, são impacientes, grosseiros e mal-educados. Buzinam a todo o momento, não respeitam as vias preferenciais, desconhecem o sinal vermelho e adoram desferir os mais impronunciáveis palavrões contra todos aqueles que cruzam o seu caminho. Estacionam sempre onde é proibido e jamais param diante de uma faixa para pedestres (somente nas nove existentes na av. João Pessoa, em Guaíba, em já levei três pancadas na traseira do carro porque parei para que as pessoas atravessassem a rua nesses locais. Eu disse três bordoadas em pouco mais de um ano: duas com leves arranhões no para-choques e uma que destruiu a traseira do meu carro. Felizmente, só danos materiais).

No entanto, essa gente mal começa a subir à serra e um espírito de gentilezas se apodera da criatura estressada. Imediatamente o ogro é tomado pela desobsessão: vira um lorde inglês, um europeu, a fina flor das gentilezas. É um tal de ‘por favor’ prá cá, de ‘muito obrigado’ prá lá, de um respeito absurdo pelos outros motoristas e de uma atenção assustadora com os pedestres na faixa de segurança, entre outros festivais de cavalheirismos. E agora: isso é porque Gramado muda as pessoas? Não é. É porque as pessoas mudam em Gramado. E o nome disso é hipocrisia.


O ano de 2016 parece não ter fim para o Internacional. De todos os muitos colorados que conheço, nenhum deles compartilhava com satisfação a ideia de retornar à série A através do ‘tapetão’ da Fifa. A Corte Arbitral do Esporte – numa demonstração que país civilizado também adora ficar em cima do muro – decidiu que não tem competência para julgar o caso Vitor Ramos. E o Inter, como já devia ter feito há muito tempo, colocou seu rabinho entre as pernas e, enfim, parece que entendeu – após muita gente ter que desenhar num papel – que vai ter que jogar, sim, a série B em 2017 porque é um clube rebaixado. Essa é a terceira comemoração da torcida gremista nos últimos quatro meses: vibrou com o rebaixamento colorado, com a conquista da Copa do Brasil pelo imortal tricolor e, agora, com mais esse mico de tentar virar a mesa num tribunal suíço.

Pensa que terminou? Não. O goleiro Danilo Fernandes, talvez o único que se salvou na medíocre campanha do ano passado – e que tem o crédito e o respeito da torcida – fraturou o pé e fica pelo menos dois meses no estaleiro.

Em se tratando de Inter, que completou 108 anos essa semana, nada é tão ruim que não possa piorar...

Publicado em 08/4/2017.

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