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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

13/02/2017 - 19h31min

Daniel Andriotti

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Um negócio caro chamado carro

Está comprovado cientificamente que o automóvel ainda é o objeto de consumo mais desejado pelos brasileiros. Em especial, pelo brasileiro-homem. No entanto, em tempos de recessão, economia estagnada e juros absurdamente altos, racionalidade e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Na ponta do lápis: qualquer que seja o modelo de carro que você tenha, 47% em média do valor que você pagou por ele foi para o governo. Então lembre-se que você comprou dois carros e tem apenas um. Mas esse um que lhe restou, imediatamente após a aquisição você terá que fazer um seguro total (dele, de quem estiver dentro dele e de terceiros que poderão ser atingidos por ele). Mesmo aqueles mais felizes do que nós, que vivem na Suécia e na Noruega, colocam seus veículos no seguro (muito mais para indenizar as vítimas de um acidente do que para ser ressarcido no caso de roubo ou furto). Aliás, roubo e furto são palavras desconhecidas no vocabulário de suecos e noruegueses. Talvez por isso eles sejam mais felizes do que nós…

Também uma vez ao ano você terá que pagar o Licenciamento e o IPVA (valores que oscilam, dependendo do ano e do modelo, de 1 a 6% do valor do carro). Detalhe: esse dinheiro – como a grande maioria dos tributos brasileiros – é em caráter irreversível: você nunca terá conhecimento da sua aplicação. Ou tem, mas não quer lembrar. Nesse caso, existe a opção de não pagar. Mas…seu objeto de consumo poderá ser guinchado na primeira blitz que você encontrar pela frente após o IPVA vencido. E não queira saber o quanto isso irá lhe custar...

Legalmente, para dirigir um veículo automotor, você tem que estar habilitado. Tirar uma CNH e renová-la a cada quatro ou cinco anos não custa pouco. Outro detalhe: tente (lute com todas as suas forças) para não ser multado. O dinheiro da multa (ou gerado pela ‘indústria das multas’) é o segundo ‘investimento’ mais estúpido que existe no mundo. O primeiro é o imposto brasileiro.

Voltemos ao carro: por enquanto, os automóveis são movidos a motores por combustão. Logo, andando disciplinadamente, seu potente consumirá cerca de 1 litro de gasolina (a R$ 3,78) cada vez que você percorrer entre 10 e 14 quilômetros (dependendo do modelo, do motor e do peso do pé de quem dirige). Vai andar em rodovias concessionadas? Então cada vez que você passar com ele por uma praça de pedágio, terá que desembolsar entre R$ 5 e R$ 20 reais. Vamos adiante: a cada 5 mil quilômetros, em média, você terá de trocar o óleo do carter (e já aproveita e substitiu o filtro do óleo também). Tudo é custo. Você é daqueles que não costuma trocar de carro todo ano? Então, a cada dois anos, em média, terá que substituir velas, correias, amortecedores, pastilhas e/ou discos de freio, pneus… e provavelmente mais um ou outro dos cerca de 15 mil que compõem o seu automóvel. Por fim, você circula por grandes cidades, né? Então sabe muito bem quanto custa uma mísera meia hora numa dessas milhares de garagens/estacionamento que proliferam cada vez mais nesse mundo de transportes coletivos caóticos e de violência ilimitada.

Eu tenho carro há muitos anos e confesso que me acustumei com a comodidade que ele proporciona para que se possa ir e voltar na hora que bem entender e para qualquer lugar que tenha estradas, sem ter que esperar por um ônibus, um metrô, um táxi, um ubber; (com o privilégio de ainda por cima levar pelo menos mais quatro pessoas, um cachorro e algumas bagagens...). Mas se a gente contabilizar todos aqueles custos que enumerei nos parágrafos acima com a lupa de um analista financeiro... é melhor confessar que bate aquela vontadezinha de colar a plaquinha de vende-se no vidro traseiro, né?

Por força profissional, vou à Vitória, no Espírito Santo, regularmente há mais de 10 anos e estive lá há dois meses. Até então, uma metrópole calma. Hoje, não há como negar que qualquer brasileiro, nesse momento, morre de medo que a sua cidade se transforme na Vitória que vemos nos noticiários. Será que isso tem a ver com o fato de O Fantástico ter mostrado recentemente que o Espírito Santo tinha uma das melhores saúdes financeiras do setor público estadual no Brasil? No Rio Grande do Sul, policiais militares com salários atrasados não pararam. No Espírito Santo, policiais militares com salários em dia pararam. Por aumento.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 11/2/17.

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