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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

23/12/2019 - 15h43min

Comportamento

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Noite Feliz

O primo entrou fantasiado de Papai Noel, carregando um saco de cetim vermelho nas costas. Barba branca, botas pretas. A sala era enorme, como são todas as salas da infância. Os tios e os pais, muito altos, porque é assim que as crianças veem o mundo, com seus casarões encantados em jardins e quintais que parecem selvas amazônicas.

A menininha tinha apenas cinco anos e não temia Papai Noel, tampouco desconfiava que o bom velhinho era seu primo adolescente, que se fantasiara especialmente para ela. Afinal, naqueles tempos de inocência, o mundo era todo feito de fantasia.

Na sala, árvores com bolas coloridas e neve feita de algodão. Primos e irmãos, todos mais velhos. Ela era a única com pouca idade, a noite foi toda em sua homenagem.

Antes da ceia, o Papai Noel, que entregaria uma bicicleta para si mesmo, chamou a menina e lhe contou que o maior pacote era dela, pois tinha sido boa filha e irmã carinhosa. Seus expressivos olhos brilharam ainda mais, como se carregassem as estrelas daquele glorioso Natal. O rostinho perfeito foi enfeitado com um largo e emocionante sorriso, inundando a sala e contagiando a todos com uma ternura inexplicável.

Enquanto ela abria a grande caixa, ajudada pela mãe, a família toda sorria na volta, admirando a cena, em um amoroso silêncio. Além do som de papel colorido se rasgando, talvez se pudesse ouvir batidas de alguns corações.

A felicidade, então, se fez completa quando aquela boneca deu os ares da sua graça. Retirada da caixa e abraçada com força pela menina, um pouco maior do que ela.

Todos se olharam e sorriram, uns para os outros, dando claros sinais de aprovação ao jovem Papai Noel, que qualquer um reconheceria.

A mesa estava linda, e o chamado da mãe para a ceia quebrou o silêncio emotivo que havia se instalado no ambiente. A voz dos corações deu lugar às conversas animadas, o som dos talheres substituiu o barulho dos pacotes sendo abertos. Menina e boneca brincavam, sorrindo, trazendo felicidade a todos, porque sempre foram o motivo maior desta festa.

Enquanto iam sendo saboreados os doces feitos pela avó, a garotinha admirava sua nova amiga. Ah, como era linda aquela boneca, que cabelos maravilhosos de pentear com a escova da mamãe.

Que noite feliz! Como eram bons os natais da infância!

Hoje, graças àqueles momentos tão cheios de emoção, a menina ainda habita o coração da mulher em que se transformou. E os Natais são esperados como se todos ainda estivessem aqui. Na sua madura felicidade interior, ela compreende que o amor da família será sempre motivo dessa celebração, agora com outras crianças participando, trazendo antiga ternura de uma infância que há muito já se foi.

Enquanto ela prepara os doces para a ceia desta noite, sorri ao lembrar daquela boneca. E seu olhar brilha novamente quando pensa nas novas crianças que estarão na sua volta.

Por onde andará o primo que um dia foi Papai Noel, pensou, com ternura. E desejou a ele, e a todos que entendem o espírito do Natal, uma noite feliz.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 21/12/2019.

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