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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

06/03/2019 - 15h03min

Comportamento

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Acredite quem quiser

Meus carnavais dariam um documentário com o título mais do que perfeito para estes dias de folia: “por que eu pulo carnaval”, no sentido literal da mensagem. Tudo começou no clube que nossa família frequentava.

Aos cinco anos, fui mascote do bloco feminino criado por um grupo de amigas adolescentes, entre as quais estava minha irmã mais velha. Vestida de Carmem Miranda, maria-mole nos pés e turbante de frutas na cabeça, minha tarefa era entrar no clube de mãos dadas com elas, fazer a volta na pista, encantar as pessoas com a minha criancice, depois ir para casa com a mãe. No desfile de rua, repetir a mesma performance das mãos dadas e me segurar firme enquanto elas cantavam “oh, jardineira, por que estás tão triste?”.

Aos sete, fantasiada de baiana estilizada, me levaram no baile infantil. Saquinho de tecido cheio de confete e algumas serpentinas para brincar de fazer chuva colorida. Mas nem todos os minifoliões jogavam confete com delicadeza como nós, as guriazinhas; havia dois meninos que juntavam as sobras e jogavam, com força, quando estávamos distraídas cantando. Engolimos boas porções daquele papelzinho picado, eu e minhas amigas, por isso pedimos para ir embora, brincar de outra coisa.

Assim continuaram acontecendo festas de Rei Momo em minha vida de criança e de adolescente, sem muito entusiasmo. Houve até um carnaval em que eu e duas amigas fomos para a capital uruguaia, aproveitando o feriadão escolar, acompanhadas por mães e tias. Em Montevidéu, bonecos gigantes passando pela avenida principal, na tarde de domingo, foi o que vimos de carnaval.

As folias nos clubes eram meio sem graça, com apresentações de blocos de outras cidades, como São Jerônimo, cujos carnavais eram muito comentados; e shows de cantores com fama nacional, como o de Cauby Peixoto e Ângela Maria, no Clube do Comércio, que caiu nas graças do pessoal maduro, dos casais, enquanto nos fazia pensar na boa quarta-feira de cinzas.

Também passei festas de Pierrô e Colombina no Rio de Janeiro, com seus conhecidos bailes nos badalados clubes Monte Líbano e Sírio Libanês; as escolas de samba transformando-se em óperas brasileiras de asfalto; festas de papel crepom à beira mar, na bela Praia de Ipanema. Mas não tive vontade de curtir o carnaval carioca naqueles lugares. Verdade seja dita, do que mais gostei foi reencontrar primas e amigas, das tardes de conversas e sorvetes, dos jogos de carta e das histórias engraçadas, das confeitarias e dos passeios.

Meus carnavais dariam um documentário, e o título apropriado seria “por que eu pulo carnaval”, no sentido literal da mensagem.

Folia de Momo, para mim, somente os desfiles das escolas de samba do Carnaval Temporão de Guaíba. Acredite quem quiser.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 2/3/2019.

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