27/11/2017 - 10h32min
Queremos ser boas pessoas, a maioria de nós. Gostaríamos de dizer as verdades, sempre, com o cuidado necessário para não machucarem corações delicados. E razões não faltam para tecermos muitos elogios aos nossos pais, aos irmãos e filhos, aos amigos e colegas. Mas o tempo, esse comandante veloz, acelera a vida e nos empurra para o futuro, exigindo rotina meteórica e esquecimentos da nossa parte.
Sonhamos com um mundo melhor, com igualdade e justiça para todos. Todos os dias, escrevemos frases de efeito sobre essa possibilidade se tornar real. Louvamos o amor ao próximo, as amizades desinteressadas, o perdão e a saudade em prosas e versos. E são incontáveis as vezes em que, diante de nós, ao se apresentarem a intolerância e o bullying, proclamamos os lamentos da ponta da língua e deixamos lágrimas escorrerem dos nossos olhos. Mas a desumanidade que se repete e se repete na nossa frente é também a que nos faz tomar distância de tudo por precaução.
Falamos sobre o passado como se fosse um lugar encantado que certa vez o universo nos permitiu, depois pegou de volta, deixando-nos a sensação de abandono. Recordamos poemas e romantismos de antes como se não houvesse, naqueles dias comuns, discórdias e notícias de vinganças. E por não sabermos o que reserva o futuro, em um mundo construído mais para máquinas do que pessoas, preferimos olhar para trás. Mas o reencontro está no tempo presente, guardado em nós, aguardando sua vez de acontecer.
Vivemos em dias de esperar dezembro, pinheiros enfeitados com neve já se anunciam nas vitrinas de maiôs e chinelos tropicais. Começamos a conversar sobre cardápios festivos, presentes para amigos secretos, reuniões familiares; a lembrar da antiga simplicidade das bonecas e dos carrinhos tão esperados; das rabanadas e do arroz à grega que reapareceriam à mesa para fechar doze meses; de papais fantasiados de noéis e mães nos levando em missas do galo.
Refletimos sobre o tempo, comandante veloz que acelera a vida, exigindo rotina meteórica e certos esquecimentos durante os outros meses do ano. Até que chegam esses dias de esperar dezembro, anunciando um pouco mais de brilho em nossas vidas.
Cristina André
Publicado em 25/11/2017.
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