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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

30/03/2020 - 12h37min

Leandro André

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Um tempo para enxergar

Até poucos dias, seguíamos no automático, todos nós. Compromissos econômicos em primeiro lugar. Seguíamos sobrevivendo às cegas, no sufoco, com a certeza de que não dava para parar. Era assim e pronto. Reflexões importantes somente no período do Natal. Convívio familiar cada vez mais falido. E o tempo que sobrava, chumbo nos adversários e nos que pensam diferente; intolerância na telinha do celular. Toma!

Então, de repente, a cidade esvazia. Não é modo de dizer, esvazia mesmo. Ninguém nas ruas. Numa quarta-feira à tarde, só escuto o vento na Rua São José. Um carro e outro passam; ninguém caminhando ou conversando nas calçadas.


Todas as portas fechadas na Aldeia, menos as dos mercados e farmácias. Sigo percorrendo as ruas de carro e o cenário é o mesmo, não há pessoas caminhando pelas ruas. Parece pesadelo ou participação em um filme de ficção científica. É impactante.


O ataque do novo coronavírus rompeu com a nossa vida no automático. A ameaça da morte sufocante, sem ar, deu uma sacolejada forte na nossa cabeça. Os idosos passaram a ter importância, assim como o convívio familiar, o abraço e o toque. O presencial passou a ser importante.


O Sol brilha e o Calçadão da Beira está deserto e assim estão todas as ruas; desertas. Um ser humano que outro é visto se deslocando meio assustado. E não pode isso, não pode aquilo. Decretos governamentais se multiplicam focados no isolamento social a fim de evitar a proliferação do vírus que rouba o ar. Autoridades e especialistas assustam com projeções de contágio em massa e a falta de ventiladores para colocar ar nos pulmões. E dá-lhe lavar as mãos!


Tem que ser sabão de coco, me disse uma mulher na fila da farmácia. Contou que foi um cirurgião que fez o alerta.


Teorias se multiplicam mais rápidas do que o vírus. Especialistas de tudo que é coisa gravam vídeos, que se chamam de “lives” (laives) e postam nas redes sociais. De teorias da conspiração, passando por dados estatísticos tabajaras, até profecias e sinais dos tempos, a produção de lives é intensa. Tenho a impressão de que o sujeito não tem o que fazer, então faz uma live, analisando o contexto, com base em coisa alguma, vinda das profundezas do confinamento. Também tem os áudios anônimos com informações tão fortes quanto mentirosas.


E neste momento de parada geral e medo, a política partidária também se manifesta, se assanha. O picareta da oposição cata erros pra apontar e o da situação enaltece acertos com exagero.


Mas o mais importante de tudo isso que está acontecendo é o fato de termos saído da vida no automático. A sacolejada na cabeça é o que precisa ficar de legado. Não se pode colocar a convivência familiar e com os amigos em segundo plano; não se pode compensar a falta de atenção aos filhos com presentes; não se pode ser intolerante com quem pensa diferente e ficar por isso mesmo; não se pode trocar o encontro presencial pelo virtual; não se pode achar que alguém é melhor do que o outro por ter mais dinheiro; não se pode abrir mão de ser humano; não se pode viver no automático.



Empregos

Não resta dúvida de que esta pandemia vai fazer estragos na economia. Já fez. O maior problema será o aumento do desemprego e a dificuldade de as empresas sobreviverem, principalmente as menores.


Sendo assim, o governo tem de ser grande, tem de bancar um suporte consistente. Esta é a função do governo, trabalhar para a harmonia social. Tem de ter entrega de alimentos ampla, tem de ter empréstimos baratos para recolocar a economia nos trilhos.



Presidente gera insegurança

Lamentável e preocupante o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, em rede nacional de televisão na noite de terça-feira, 24.


O presidente fez afirmações levianas e infantis, sem qualquer embasamento científico. Afirmou que, por ter sido atleta, o novo coronavírus não passa de uma “gripezinha”, que não pode prejudicá-lo.


Entre outras coisas, Bolsonaro pregou a reabertura imediata das escolas, sob o argumento de que o vírus não prejudica os jovens.


O grave neste pronunciamento do presidente do Brasil é o fato de contradizer tudo o que a equipe do Ministério da Saúde de seu próprio governo está realizando na tentativa de conter a proliferação do vírus. Isso gera insegurança num momento delicado pelo qual passa o País.


Os governadores dos Estados se uniram e ratificaram as decisões de manter o isolamento social por mais um tempo, a fim de preservar vidas.


Não se trata de esquerda ou direita, de nós contra eles, de simpatia ou antipatia. O fato em questão trata de desequilíbrio explícito do presidente para se portar diante da sociedade em uma situação grave, tanto do ponto de vista emocional quanto de saúde pública.


Que as autoridades do Brasil tenham bom senso e sabedoria para contornar a insegurança gerada pelo presidente.



O que fazer?

Quando critico a manifestação do Presidente Bolsonaro, ressalto a confusão e a insegurança que seu discurso provoca, considerando que ele diz uma coisa e o ministro da Saúde diz o contrário. Afinal, é pra ficar em casa ou sair para trabalhar?


Sobre isolar os idosos e a população de risco, é fácil na teoria, mas como fazer na prática em um País pobre em que idosos e jovens moram todos na mesma casa pequena?


É evidente que ficar em isolamento por muito tempo gera estragos graves, mas qual a alternativa?


O papel do governo é apresentar soluções, indicar os passos a serem dados e justificar, tudo com coerência e segurança. O pior dos mundos é o ministro mandar as pessoas ficarem em casa de tarde e à noite o presidente defender o contrário, conforme está acontecendo com o Governo Federal no Brasil.



Vereadores repassam dinheiro para a Saúde

Alguns vereadores de Guaíba estão alterando a destinação de parte de suas emendas impositivas (direito de aplicar recursos em projetos sociais) para ações de combate ao coronavírus.


Cada vereador de Guaíba tem o direito de destinar R$ 222,7 mil para projetos sociais este ano, de acordo com o que foi aprovado em 2019. Todos fizeram as suas indicações conforme já foi divulgado. No entanto, com esta questão do coronavírus, alguns estão alterando as destinações a fim de contribuir com a compra de máscaras, luvas e equipamentos para ações de combate à Covid-19 na Cidade.


Essa semana, o vereador Alex Medeiros fez a alteração, destinando R$ 111,3 mil; Ale Alves, R$ 75 mil; Manoel Eletricista, R$ 47 mil; Claudinha Jardim, R$ 36 mil; e Florindo Motorista, R$ 11 mil.



Fundo Partidário

Os partidos terão cerca de R$ 2 bilhões para aplicar na campanha eleitoral este ano. Uma aberração.


Apoio a proposta do senador Lasier Martins, de direcionar este dinheiro para ações de combate ao novo coronavírus.



Ajuda Comunitária

Temos que começar a trabalhar pela ajuda aos que vão ter dificuldades de comprar alimentos nos próximos dias. Sugiro que se amplie e fortaleça atuação do Banco de Alimentos.


PPP da Corsan

Foi assinado o contrato da Parceria Público-Privada (PPP) da Corsan, que deverá expandir o tratamento de esgoto na Região Metropolitana de Porto Alegre. Uma parceria firmada pelo Governo do Estado, por meio da Corsan, e o Consórcio Aegea, vencedor do leilão da PPP.


Se essa parceria funcionar como está sendo anunciada, será dado um grande salto para a qualidade de vida da população na Região; um imenso salto. Vamos acompanhar.




Leandro André

[email protected]

Publicado em 27/3/20.

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