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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

26/02/2018 - 13h59min

Leandro André

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Desentendimentos no Governo Sperotto

O primeiro ano de um governo, qualquer governo, é um período estimulado pela ledice do calouro. Mas também é complexo, porque o discurso de palanque tem que começar a se ajustar à realidade.

O Governo Sperotto teve um primeiro ano dramaticamente positivo. O prefeito arquiteto tratou de polir o cartão postal e limpar a Aldeia. Terminou com o transbordo no transporte coletivo e começou a aperfeiçoar o atendimento de Saúde. Entretanto, neste ponto, a reza não fez milagre. Saúde Pública é caminho pedregoso.

Tudo parecia afinado na orquestra do Maestro Sperotto, mas, por trás do minueto da conquista, crescia a desafinação dos cortes de FGs e de horas extras; a indignação dos salários capados produziu um som agônico. Para complicar, os municípios estão na pindaíba, sem dinheiro suficiente para fazer tudo o que tem de ser feito. E, como dizia a minha avó, em casa onde falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão.

Neste início do segundo ano do Governo Sperotto, a carruagem virou abóbora. Os dois secretários de grife, Itamar Costa, da Saúde, e Leandro Jardim, da Fazenda, se desentenderam publicamente aqui na Coluna. A repercussão no mundo político e dirigente da Aldeia foi tão grande quanto surpreendente, pelo ineditismo e pela revelação da falta de sintonia governamental.

Pressionado, o Secretário Itamar desabafou; se queixou da demora no pagamento de fornecedores, alegando que isso teria agravado as dificuldades inerentes a sua Pasta. Por outro lado, o Secretário Jardim rechaçou a pedrada do boicote, atribuindo as dificuldades à falta de gestão e de equipe na Saúde.

Os leitores dessa coluna não querem apenas informação, exigem opinião. Cobraram a minha opinião sobre este caso da briga dos secretários. Então, vamos lá.

O Itamar é competente e esforçado, mas isso não basta para administrar a Saúde, é preciso ter equipe coesa e feliz, o que não é compatível com corte de salários, falta de médicos e atraso no pagamento de fornecedores.

O Leandro Jardim argumenta com consistência suas decisões em relação aos pagamentos de fornecedores, mas deixou escapar uma ponta grossa de soberba ao admitir que nunca pagou um dos fornecedores da Saúde (desde agosto de 2017), porque o mesmo teria descumprido um acordo verbal. Acordo verbal na administração pública é como palavrão na missa.

Essa semana, depois do banzé, surgiu uma questão nova e intrigante. O Executivo chamou às pressas uma sessão extraordinária da Câmara, na quinta-feira, 22, a fim de mudar subvenções de uma verba de R$ 7,5 milhões da Saúde para poder pagar o GAMP, gestor do PA. Se o problema não era dinheiro, mas prestação de contas, conforme foi alegado, então por que a correria para corrigir o erro no Orçamento e viabilizar o pagamento ao GAMP? E, ainda, a dotação de subvenção social, onde deveria estar a verba para a referida despesa, foi suprimida do Orçamento de 2018 sem que se tenha uma explicação sobre isso. O secretário de Governo, Rodrigo Pedroso, alegou que foi uma falha geral e tal. Para mim, é estranho uma dotação importante ser retirada do Orçamento do Município de um ano para o outro. O projeto de remendo foi para a Câmara sem o aval do Comusa. Com isso, terá de ser votado na terça-feira, 27, ainda em sessão extraordinária, porque todo mundo já voltou a trabalhar no País, menos os vereadores de Guaíba, que continuam de férias. É de cair os butiás dos bolsos!

O Itamar precisa de equipe feliz e completa para realizar uma boa gestão. Não tem. Então, centraliza e se embanana. O Leandro Jardim não é culpado pelos problemas na Saúde, mas também não se esforça para ajudar a resolvê-los e ainda implica com fornecedores.

José Sperotto foi surpreendido pela lambança e não gostou. Se os secretários envolvidos não fossem joias do prefeito, ambos seriam demitidos. Sperotto colocou panos quentes. Em nota enviada à Coluna, o chefe do Executivo reconhece que ainda tem muito a ser feito na Saúde, mas destaca os avanços no primeiro ano de gestão, como “recuperação e qualificação de estruturas no PA, reabertura do hemocentro, dos exames de mamografia e hemodiálise; da implantação do Raio-X digital e da farmácia abastecida e organizada”.

Sobre a briga dos secretários, o prefeito limitou-se a dizer que os “bem-intencionados” se incomodam quando não podem fazer tudo que é preciso na velocidade desejada e por isso estão sujeitos a falar de cabeça quente.

Compreendo a posição do prefeito, de colocar panos quentes no episódio em tela, mas entendo que, a partir do segundo ano de governo, quando a ledice do calouro evapora e o teatro do sufoco rouba a cena, é preciso mais do que discurso e otimismo. É preciso corrigir o que não está funcionando como deveria, começando pelo quarto andar até chegar no térreo.

Lupa nas Contas da Prefeitura

Na noite de quarta-feira, 28, na sede do Rotary Guaíba, haverá a apresentação do primeiro relatório do Observatório Social de Guaíba (ver página 3).

Uma equipe de profissionais, sem vínculo partidário, observou os contratos da Prefeitura, seus desdobramentos, e mostrará para as lideranças da Aldeia como estão sendo geridas as contas públicas. Importante!

Tiro no Pé e Avaliação

Parcela da oposição está pensando em fazer protesto político no Carnaval de Guaíba. Se levarem essa ideia adiante vão dar tiro no pé.

O evento deverá medir a aceitação do Prefeito Sperotto junto ao povo no momento em que se manifestar, abrindo oficialmente os desfiles. No ano passado, foi aplaudido. E agora, José?

Leandro André

[email protected]

Publicado em 24/2/2018.

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