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Sábado, 27 de abril de 2024

17/11/2014 - 09h18min

Leandro André

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Como nascem as manifestações

O sujeito trabalha duro, paga suas contas de água, de luz, de telefone; um maço de impostos, o plano de saúde e pilhas de carnês para poder sobreviver. Em troca, geralmente recebe serviços públicos e privados de quinta. Como diz a letra da marchinha: “De dia falta água, de noite falta luz”.

O sujeito paga uma fortuna de IPVA, mas para andar em estradas sem buracos tem de pagar pedágio; uma facada em cada praça de cobrança.

O sujeito paga taxa de iluminação pública, mas seguidamente entra em casa no escuro, porque a lâmpada do poste queimou há seis meses, e, para a troca, é preciso fazer protocolo na Prefeitura ou ligar para a Gazeta pedindo ajuda.

O sujeito paga o IPTU e a sua rua é uma buraqueira envolta em poeira e lama, dependendo do clima. Nas esquinas, os lixões se multiplicam. O valão de esgoto a céu aberto, que sequer deveria existir, serve também como depósito para sofás velhos.

O poder público do Município não cobra como deveria o cumprimento da legislação, multando os infratores. Provavelmente preocupado com a votação nas próximas eleições. E também não oferece espaços adequados para o descarte de entulhos, pois tudo está em processo de licitação permanente.

O sujeito pede pavimentação, paga o meio-fio, implora pela obra, e vai ouvindo uma gravação com as desculpas de que a licitação não anda. E quando o asfalto finalmente chega, depois de anos de batalha, começa a esfarelar no terceiro mês, ou antes.

O sujeito tem medo de sair na rua, a qualquer hora do dia ou da noite, porque pode ser atacado por um menor de idade e ser morto caso não entregue tudo o que tem com agilidade e em movimentos que não assustem o “dimenor”.

O sujeito precisa de médico para seu filho no fim de semana, paga plano de saúde e tudo, mas não adianta, pois não tem pediatra nos finais de semana atendendo pelo plano de saúde. Então vai ao PA, rezando para que o médico do plantão não tenha tido um problema particular e faltado ao trabalho.

O sujeito está em casa, e de repente aquela baderna na rua. Ele liga pedindo ajuda para as autoridades competentes e espera, espera, espera, alucinado, até que os baderneiros decidam ir embora por conta própria, pois não há viatura disponível.

O sujeito então decide se arriscar e levar o filho para passear no píer turístico, mas não pode tirar os olhos do guri, tendo em vista que a cerca de proteção foi arrancada pelos vândalos de carteirinha que atuam na Beira, e é claro que o conserto somente será possível após a licitação.

O sujeito sofre no sotaque e no semblante, como diz meu amigo do Petim. Ele vai cansando do 0800 sempre ocupado, da coleção de protocolos e também da moça enrolando no gerúndio do outro lado da linha: “Estaremos lhe retornando e verificando e resolvendo, senhor”.

O sujeito vai cansando de tanto descaso e da maldita licitação que não anda. Então ele desabafa com o seu vizinho, que também está no bagaço. E a vizinhança feita de boba marca uma reunião para traçar uma estratégia em busca de atenção. A reunião vai esquentando, até que o conjunto dos desprezados decide que a única saída para serem ouvidos é através de uma manifestação pública. É assim que nascem as manifestações, do descaso do poder público e das grandes organizações. O banzé se forma e finalmente o comando de desprezados começa a ser ouvido.

Sim, há manifestações que descambam para a politicagem, que excedem o bom senso, que se tornam atos de vandalismo, mas essa é uma outra história. O berçário das revoltas está no descaso.

Derrubando a História

A respeito da demolição do prédio na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Otaviano, no Centro de Guaíba, trata-se de uma demonstração explícita da falta de política pública no Município para preservar a sua história. Por trás da fachada iluminada com o título faiscante “Berço da Revolução Farroupilha”, existe uma sombra assustadora de desleixo em relação ao patrimônio histórico e cultural da Cidade.

E sabem o que vai acontecer com o responsável pela demolição do prédio? Provavelmente terá de pagar uma multa insignificante, apesar da reincidência. Imagino o próximo passo: a aquisição do prédio localizado na esquina da Rua São José com a Avenida Sete de Setembro. Depois, é só esperar um domingo de manhã ou um feriadão.

É possível que algum comprador de caderno esculache aqueles que se preocupam com a preservação da história local. É de cair os butiás dos bolsos!

Recomendo a leitura do Editorial da Gazeta Centro-Sul desta edição.

São Muitas Intenções

Nos últimos anos, muitas empresas têm registrado boas intenções com Guaíba. Nessa semana, foi a vez da Gefco Logística do Brasil firmar protocolo de intenções com o Governo do Estado para a instalação de um Centro de Distribuição (semelhante ao da Toyota) de veículos da Peugeot Citröen fabricados na Argentina. Investimento estimado em R$ 33 milhões, com geração de 360 empregos, sendo aproximadamente R$ 12 milhões e 126 empregos diretos nas duas primeiras etapas, com expectativa de início a partir de 2015, em terreno ao lado da futura fábrica da Foton, na tal Zona Mista Industrial, localizada na intransitável Estrada do Conde.

Vamos aguardar a Gefco e a Foton, assim como as demais 146 empresas que já assinaram protocolo de intenções para se instalarem na Aldeia.

Encontrei o secretário Cléber Quadros chorando emocionado na Rua São José. – O que houve, Cleber? – Estou feliz com a Zona Mista, são muitas intenções...

Leandro André

[email protected]

Publicado em 15/11/14.

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