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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

23/01/2017 - 19h32min

Perspectiva

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Télos

Janeiro, primeiro mês do ano, é tempo de revisões, promessas a si mesmo, estabelecimento de metas.

Movendo livros e revistas na minha biblioteca, cruzei com a revista Bodisatva, de março de 2009. Nela um artigo vivo, inspirador de Gustavo Gitti. Um jovem formado em filosofia, que desenvolveu seu texto sobre a noção de Télos, da filosofia grega, algo como um sentido último, finalidade. Com uma abordagem budista, que transcende a noção de metas pessoais, o mundo do samsara. Longa narrativa...muito inspirador. Seguimos. Me trouxe a questão de quão assustador é não saber se há um propósito último para a vida. Vamos fatiando a vida em pequenas metas. Quando eu terminar o colégio, quando eu conseguir um emprego, promoção, casar, comprar minha casa... quando eu... E de como, inclusive, este período de espera, até que esta meta aconteça, é uma espécie de relaxante existencial. Um conjunto de distrações para não encararmos o fim desta vida como a experimentamos no corpo, que chamamos morte. Por que lidar com a finitude é difícil. Tem uma frase divertida que diz que a vida é aquilo que acontece entre uma refeição e a próxima. Entre um prazer e o próximo. E se for mais que isto?

Reflito também, de como na nossa cultura predomina uma experiência de tempo linear, horizontal. Passado-presente-futuro. Como seria a experiência vertical do tempo? Uma espécie de agora permanente? Sim, sei, a leitura me estimulou a criar possibilidades. Estou me divertindo com palavras, metáforas. Conto com sua generosidade para imaginar. A verticalidade induz a ideia de infinito acima e abaixo, até nosso eu. Daí fui para a prática Cristã do sinal da cruz, e da intersecção que gera um ponto. Seria este ponto uma chave da integração do temporal com o atemporal? Do eu com o Todo? Várias tradições religiosas e/ou filosóficas apontam a possibilidade de ampliar a experiência deste ponto. Chamam de meditação, momento de silêncio, conexão... onde alguns mais afortunados experimentam algo que chamam de sentimento de eternidade, de plenitude, unidade com tudo.

Reconheço o apego ao desejo de inspirar algum leitor a experimentar uma pausa de tranquilidade, um encontro mais profundo consigo mesmo. Talvez este encontro até reordene as metas. E assim me despeço, desejando que tenham um 2017 com tempo destinado para o não/tempo, para o ponto que integra, e, quem sabe, expandir a consciência para uma finalidade maior, um Télos, esta Presença que pode estar acontecendo agora enquanto você lê esta coluna. Felicidade!

joaquim Mello

[email protected]

Publicado em 21/1/17.

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