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Sábado, 20 de abril de 2024

02/07/2012 - 13h59min

Automobilismo

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A história passa por Guaíba.

Há 50 anos, o Simca Chambord vencia as 12 Horas de Porto Alegre. Em sua oficina localizada no Centro de Guaíba, Alexandre Fornari restaura os veículos do pai, o piloto Breno Fornari

Por Fábio Araujo

Senhores, liguem seus motores. A tradicional frase, que mexeu com os brios dos amantes da velocidade, foi proferida pouco antes da meia-noite daquele sábado, 6 de maio de 1962. O velho circuito de rua, com sinuosas curvas nos bairros Cavalhada e Vila Nova, na Capital Gaúcha, serviu de palco para uma das principais provas automobilísticas do Estado: as Doze Horas de Porto Alegre.

Contando com a participação de consagrados pilotos de todo o País, exatamente à meia-noite, 44 carros iniciaram uma prova que, naquela edição, teve 175 voltas em circuito mesclando asfalto, paralelepípedos e acostamento de areia.

A bordo de um Simca Chambord, a dupla campeã era formada pelo guaibense Breno Fornari e Afonso Hock, com velocidade média de 110 km/h.

Passadas cinco décadas, a Gazeta Centro-Sul abre espaço para relembrar os tempos em que não se pagava ingresso para assistir corridas; época em que o público tinha participação ativa desde os treinos até as últimas voltas antes da bandeirada. Áureos anos do automobilismo brasileiro.

Uma Família de Velocidade

Dizer que a Família Fornari tem sua história enraizada no automobilismo brasileiro pode parecer uma obviedade para os que entendem do riscado. No entanto, para quem recorda apenas da vitória da Seleção sobre a Tchecoslováquia e o Bi Mundial, no ano de 1962, cabe outra importante lembrança: em maio daquele ano, surgia uma das provas mais tradicionais do automobilismo nacional – que, posteriormente, transformou-se nas 12 Horas de Tarumã. E o vencedor? Em uma prova irreparável, ao lado de Afonso Hock, Breno Fornari atingiu o ponto mais alto do pódio, garantindo também a melhor volta do circuito com 1’50’545.

Para as 12 Horas de Porto Alegre, Fornari trouxe o histórico Simca Chambord nº 35, especialmente preparado, fruto do seu apurado conhecimento de mecânica, forjado em anos de trabalho na área. Nascido em março de 1925, estudou na escola técnica Parobé e, aos 20 anos, montou sua primeira oficina. Lidando diretamente com a paixão por carros, o labor diário lhe proporcionou unir teoria e prática na mecânica, o que utilizaria anos mais tarde. Aos 25, iniciou a carreira como piloto e as vitórias começaram a aparecer (Confira no quadro ao lado, os principais resultados). Os anos correram e, em 1975, deu uma pausa na velocidade; contudo, não abandonou as pistas, seguindo a acompanhar provas de amigos e familiares.

Há cerca de 10 anos, participou de um “Rally de Antigos”, entre Porto Alegre e Capão da Canoa, pilotando a Carretera Ford nº 35, com seu filho Alexandre, conseguindo o terceiro lugar na competição.

Em agosto de 2007, Breno Fornari cruzou a bandeira quadriculada da vida, aos 82 anos, deixando um legado de amor aos carros e aos seus incontáveis admiradores. E assim como a sua vida de piloto, sua morte também foi um marco no automobilismo nacional.

História Resguardada

Em entrevista à Gazeta Centro-Sul, o historiador Alexandre Fornari, filho de Breno, garantiu que se dedica à manutenção do acervo da carreira do pai, em sua oficina localizada no Centro de Guaíba. Ele contou que grande parte das peças, fotografias, filmes, e até mesmo os carros, encontram-se em Guaíba (o Simca Chambord nº 35; uma Crysler; e duas carreteiras).

Sobre a vitória nas 12 Horas, em 1962, ressaltou as qualidades de Breno: “Como o pai tinha mais habilidade durante a noite, graças a experiência nas Mil Milhas, conseguiu bom rendimento”, disse o historiador.

De acordo com Fornari, seu pai foi o primeiro piloto a vencer, com um carro produzido no Brasil, uma prova de turismo fora do País, em corrida realizada no Uruguai no ano de 1964. “Na época, a revista da Simca fez uma grande reportagem sobre o tema”, salientou.

Dos ensinamentos que Breno deixou aos filhos, lembra da felicidade que o piloto sentia ao trabalhar no ajuste dos detalhes dos motores de seus carros. “Ele sabia dosar, tirando o máximo do que o carro podia render”, recordou Alexandre.

O historiador chamou a atenção para a importância de resguardar a história de Breno Fornari, que valseia com a das corridas de turismo. “Sigo com diversas imagens, fotos, as taças e até mesmo com as ferramentas utilizadas por ele”, confessou o orgulhoso filho do campeão.

Com a mesma devoção de Breno Fornari, seu pai, Alexandre carrega no coração o amor ao esporte, tendo ciência da contribuição que a Família Fornari deu ao automobilismo do País. O orgulho, contudo, não para por aí. “Independente dele ter sido piloto ou não, é um herói para mim”, concluiu.

Principais Resultados Breno Fornari

*Maio de 1950 - Circuito Zona Sul Guaíba/Bagé/Pelotas/Guaíba - RS - Ford n° 36 - 1° Etapa: 15° lugar - 2° etapa: 16° lugar

Novembro de 1953 - I Circuito do Fumo - Venâncio Aires/Candelária/Sta. Cruz do Sul - RS - Ford n° 116 - Cat. Standard - 3° lugar

Agosto de 1954 - Circuito Cidade de Passo Fundo/RS - Ford n° 154 - Cat. Standard - 3° lugar

Maio de 1956 - Circuito Tapes/Camaquã - RS - Ford n° 154 - Cat. Standard - 1° lugar

Novembro de 1956 - I Mil Milhas Brasileiras - com Catharino Andreatta - Carretera Ford n° 2 - 1° lugar

Janeiro de 1957 - V Prova Antoninho Burlamaque - Porto Alegre/Tramandaí/Capão da Canoa - RS - Ford n° 154 - Cat. Standard - 1° lugar

Maio de 1957 - VII GP Encosta da Serra - RS - Ford n° 154 - Cat. Standard - 2° lugar

Novembro de 1958 - III Mil Milhas Brasileiras - com Catharino Andreatta - Carretera Ford n° 2 - 1° lugar

Novembro de 1959- IV Mil Milhas Brasileiras - com Catharino Andreatta - Carretera Ford n° 2 - 1° lugar

Julho de 1960 - 24 Horas de Interlagos - GEIA - com Catharino Andreatta - Simca n° 5 - 6° lugar

Outubro de 1960 - II 500 Quilômetros de Porto Alegre/RS - com Catharino Andreatta - Carretera Ford n° 2 - 1° lugar

Maio de 1962 - I 12 Horas de Porto Alegre/RS - com Afonso Hoch - Simca n° 35 - 1° lugar

Janeiro de 1963 - G. P. Estrada da Produção - Passo Fundo/Porto Alegre - RS - Simca n° 35 - 2° na Geral e 1° na Cat. “C”

Junho de 1963 - II 12 Horas de Porto Alegre/RS - com Afonso Hoch - Simca n° 35 - 2° lugar

Agosto de 1963 - II 6 Horas de Pelotas/RS - Simca n° 35 - 2° lugar

Novembro de 1963 - 1600 Quilômetros de Interlagos - com Catharino Andreatta - Carretera Chevrolet/Corvette n° 2 - 2° lugar

Maio de 1964 - Grande Prêmio Enrique Fernandez - Rivera/Uruguai - Simca N° 35 - 1° lugar

Outubro de 1964 - Autódromo Vigor Borrat Fabini - “El Pinar” - Motevidéu/Uruguai - Simca n° 35 - 1° lugar na Cat. “C”

Dezembro de 64 - I Campeonato Internacional de Automobilismo - Rivera/Uruguai - Simca n° 35 - 1° lugar

Fevereiro de 1965 - Prova Praia do Cassino - Rio Grande/RS -– Simca n° 35 -1° lugar

Julho de 1965 - I Grande Prêmio CORAU - Autódromo de “El Pinar” - Montevidéu/Uruguai - Simca n° 35 -1° lugar

Agosto de 1965 - I G.P. Rodovia do Café - PR Curitiba/Apucarana/Curitiba - PR - Simca n° 95 - 3° lugar na Cat. TFL

Fevereiro de 1968 -XIII Prova Antoninho Burlamaque - Porto Alegre/Capão da Canoa/RS - Protótipo Regente n° 35 -3° lugar

Fonte: Alexandre Fornari

* A primeira edição das 12 Horas de Porto Alegre, em 1962, teve grande repercussão nacional.

* No ano seguinte, a prova foi vencida por Walter Dal Zotto; Fornari ficou em segundo.

Em 1968, na última edição da prova, os vencedores foram os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, com o Volkswagen nº 7.

Curiosidades

Na ocasião, ocorreu um grave acidente, fazendo com que a prova voltasse somente após a construção do Autódromo de Tarumã, nas 12 Horas de Tarumã, no ano de 1971.

Nesta prova, Fornari não participou por ter se envolvido em um acidente, meses antes, colidindo contra uma Delegacia, na Capital.

As 12 Horas de Tarumã seguem ocorrendo até os dias de hoje.

Foto: LA/GCS/Acervo Família Fornari

Publicado em 30/6/12.

Simca nº 35, após a prova de Doze Horas de Porto Alegre, realizada no dia 6 de maio de 1962


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