09/09/2013 - 11h33min
Polícia esclarece morte de irmãos em Barra do Ribeiro.
Equipe do Setor de Investigações de Barra do Ribeiro realizou intenso trabalho visando esclarecer o caso
Por Fábio Araujo
O duplo assassinato dos irmãos Gilson e Milton, da família Feijó Longaray, ocorrido no dia 10 de julho deste ano, abalou a comunidade de Barra do Ribeiro e Região. Passados quase dois meses, a Polícia Civil acredita ter elucidado o crime, considerado um dos mais marcantes da história recente do Município.
Essa semana, a delegada Karoline Calegari, que está respondendo pela DP da Barra, concluiu o inquérito policial, apontando dez pessoas envolvidas nos assassinatos (destas, cinco já estão presas). De acordo com as investigações, os suspeitos de serem os mandantes do crime são: o tio das vítimas, Ildo Renato Arndt Feijó, que responde em liberdade, e sua companheira, Eliege Lucas Borges, presa preventivamente. Ambos negam qualquer participação nos assassinatos. O motivo supostamente seria uma disputa de terras pertencentes a família.
Como foram as execuções
Por volta das 17 horas do dia 10 de julho, dois homens em um veículo verde entraram na propriedade rural, que fica próximo da BR-116, na localidade Passo do Banhado. Em seguida, iniciaram conversa com os dois irmãos, que cuidavam de afazeres rurais perto da casa. Segundo a Polícia, o diálogo durou cerca de 40 minutos. Na sequência, iniciaram os disparos.
Karoline Calegari destacou que as vítimas foram atingidas por pelo menos três tiros cada, em partes letais do corpo. Após as mortes, a dupla de bandidos teria rendido a mãe e a avó dos irmãos dentro da propriedade, roubando alguns pertences antes de fugir. “Eles roubaram dois televisores, dois notebooks e fugiram com um Peugeot da família”, observou a delegada.
Investigações apontam indícios conclusivos
Em entrevista à Gazeta Centro-Sul, na tarde de segunda-feira, 2 de setembro, Karoline Calegari salientou que sua equipe fez um competente trabalho de investigação na denominada Operação Porteira. “Não são meros indícios, temos demonstrado no inquérito a efetiva participação de cada um no crime”, salientou Karoline. “Foi uma trama diabólica que dizimou a família Feijó Longaray e abalou toda a comunidade de Barra do Ribeiro”, complementou a delegada.
A Delegada Karoline ressaltou que durante as investigações foi descoberto o valor do “serviço”, sendo R$ 3 mil de entrada, mais R$ 15 mil após as execuções. “Eles negociavam a vida humana como se fossem batatas”, lamentou.
Como foi a trama
Durante as investigações, os agentes da DP de Barra do Ribeiro foram juntando provas, depoimentos, e implementando outras técnicas policiais, como escutas telefônicas, para esclarecer o crime.
De acordo com a delegada, os dois mandantes dos assassinatos teriam entrado em contato com familiares de Eliege, informando que precisavam de alguém para executar os sobrinhos de Ildo. Com isso, esta familiar teria feito a indicação. Após o primeiro contato, o rapaz chamou um comparsa e, com os valores acertados, teriam realizado a execução.
Conforme a Polícia, os assassinos foram até o Bairro Pedras Brancas, em Guaíba, receber o montante do “negócio”. Com o dinheiro em mãos, teriam oferecido R$ 50,00 para um usuário de drogas colocar fogo no veículo roubado no crime. “No depoimento, o rapaz relata que no momento em que recebeu o dinheiro, o homem que efetuou o pagamento estava com um bolo de cédulas”, salientou Karoline.
O usuário de drogas cumpriu o serviço e incendiou o carro na madrugada do dia 12 de julho, próximo ao Posto do Arrastão, em Guaíba. Na ocasião, um carro que passava a cerca de 200 metros do local foi abordado pela BM. O condutor foi preso por embriaguez. Dentro do veículo, havia material inflamável, o que levou a ser pedida a prisão temporária dos passageiros para investigar a possibilidade do envolvimento no crime, o que acabou não se confirmando.
Os Presos
Os dez indiciados responderão por crimes variados, de acordo com sua real participação nas execuções. Dentre eles, homicídio duplamente qualificado por motivo torpe, roubo triplamente majorado, concurso de agentes e restrição de liberdade.
No momento, cinco pessoas permanecem presas: uma das supostas mandantes; os suspeitos de serem os executores; e dois partícipes (que tiveram alguma ligação com os homicídios). Há um caso que não motiva prisão, de um rapaz que aceitou “guardar” um dos televisores furtados; ele deverá ser indiciado por favorecimento real.
Trabalho Conjunto
Karoline Calegari destacou o trabalho de sua equipe de investigação, que priorizou a Operação Porteira. “Tinha dias que não dormíamos antes das três da manhã”, lembrou. De acordo com ela, foi importante a parceria com o Setor de Inteligência do 31º BPM, de Guaíba, bem como o apoio do Ministério Público e do Judiciário.
Suposto Mandante em Liberdade
Ildo Arndt, suspeito de ser um dos mandantes do crime, segue em liberdade. Ele chegou a ser preso preventivamente no dia 27 de julho. No dia 13 de agosto, no entanto, conseguiu uma liminar de habeas corpus, saindo da prisão. Na referida decisão, a argumentação de “ausência de fundamentação do decreto de prisão e ausência de indícios de autoria”.
Na tarde dessa quinta-feira, 5, a liminar foi julgada, confirmando o mérito do habeas corpus. Sendo assim, Ildo deverá seguir respondendo em liberdade. De acordo com a Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), a decisão foi por unanimidade.
Família Abalada
Questionada sobre a importância do fechamento do inquérito, a mãe dos irmãos Feijó Longaray preferiu não se pronunciar. Argumentou que seguia abalada, lembrando sempre positivamente de seus filhos. “Neste domingo, Gilson faria 34 anos”, recordou.
As Vítimas
Segundo a Polícia, os irmãos não tinham antecedentes criminais.
Gilson, de 33 anos, cursou Direito e trabalhava como administrador. Sem filhos, recentemente tinha voltado a viver na residência da família.
Milton, de 31 anos, era o responsável pela administração da fazenda. Casado, deixou a mulher e um filho de nove meses.
Fotos: FA/Gazeta
Publicado em 7/9/13.
Delegada Karoline Calegari garante fortes indícios que comprovam autoria, em inquérito concluído nessa semana
Irmãos executados não tinham antecedentes criminais
Institucional | Links | Assine | Anuncie | Fale Conosco
Copyright © 2025 Gazeta Centro-Sul - Todos os direitos reservados