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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

26/04/2021 - 11h50min

Comportamento

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Histórias de Alegria

Nos domingos ensolarados, temperaturas altas, nossas praias não mais nos pertenciam. Fazendo movimento contrário ao que deu início à Revolução Farroupilha, porto-alegrenses e aliados de diversos outros municípios do Estado invadiam as areias da Praia da Alegria, desembarcando de carros de passeio, kombis e ônibus lotados. E nós, moradores de uma Guaíba pacificada pela doçura das águas, lugar onde todos se cumprimentavam pelas ruas, jamais oferecemos resistência.


Sem nos importarmos de ceder o melhor pedaço do território guaibense àqueles invasores temporários, dava-nos grande faceirice passear de carro na Praia da Alegria. Levávamos horas para percorrer toda a rua principal, em frente às areias e às águas, em um curto e emocionante trajeto. Aventura comandada por engarrafamentos ainda inexistentes em nosso cotidiano municipal.


Gostávamos de observar famílias reunidas à sombra, acomodadas embaixo de belas árvores, cestas de piquenique e garrafas térmicas espalhadas em panos xadrezes. Criançada indo e vindo da água, abrindo caminhos entre toalhas esticadas para banhos de sol das moças, jogo de frescobol com os pés na água, futebol de areia em espaço afastado do burburinho.


No final daquelas tardes domingueiras, modernos e asseados ônibus da Viação Alegria passavam pelas ruas centrais, atravessavam a cidade levando toda aquela gente de volta à Capital. Para onde nós é que iríamos, na segunda-feira, cedinho da manhã, completar estudos mais avançados. Era de bom grado retribuir a acolhida dos porto-alegrenses, diziam os mais velhos.


Bastava-nos, naqueles dias de contemplar felicidade verdadeira emergindo da simplicidade, a imensa satisfação de pertencer àquele lugar extraordinário. E como fazia jus ao próprio nome, a Praia da Alegria, naqueles anos de tricampeonato mundial, de acompanhar capítulos de Irmãos Coragem, de conhecer os tais novos baianos e saber sobre o fim dos Beatles. Naqueles dias de mães ouvindo “Gente Humilde” na voz de Ângela Maria.


Tempo seguindo seu curso, sem compreendermos em que momento e como aconteceu, a indiferença e os maus-tratos terminaram com aquela praia que a todos encantava. Durante décadas, então, tivemos que viver de lembranças e boas histórias de uma Alegria antiga.


De repente, a gratidão toma conta dos corações guaibenses. Eis que está de volta, ainda mais bela do que um dia foi, a nossa antiga Praia.


Isso, sim, é Alegria!

Cristina André

[email protected]

Publicado em 23/4/21.

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