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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

19/04/2021 - 14h24min

Comportamento

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O Tempo Presente

Há um mundo encantado em nossos guardados. Dei-me conta disso nestes tempos de afastamento social, em que pouco saímos às ruas para preservar a própria vida, em que ficamos dentro de casa remexendo gavetas, revirando baús de lembranças.


De repente, organizando discos antigos, reencontro convites de formaturas que aconteceram anos atrás, de casamentos que chegaram a décadas de parceria verdadeira, também de outros logo desfeitos. Leio cartões adoráveis, dedicatórias antigas, diários de viagens inesquecíveis. Encantam-me as fotos de aniversários e de batizados, os vídeos de reuniões festivas com a família. E agradeço pelos achados nestes preciosos abrigos caseiros.


Penso na turbulência que atinge nossas frágeis existências, em como nos tornamos meio desnorteados diante da realidade imposta, com suas ameaças invisíveis, suas incertezas sobre o que virá. Eis que acalmam meu coração as boas lembranças desengavetadas, alegram-me as surpresas sobre minha história. Cada detalhe testemunhando em favor da memória de cenas felizes do passado.


Descubro-me inquieta, porém, ao vasculhar meu mundo em documentos, mesmo revendo felicidades enquadradas em fotos, lendo belos poemas escritos em cadernetas escolares. Colocar a vida em prática no tempo presente é a ordem natural, precisamos de felicidade agora para seguir em frente, não se deve preencher os dias apenas recordando o passado e planejando o futuro. Presente é o tempo que nos acolhe, é nele que devemos procurar alegria nas pequenas coisas, mesmo em meio ao caos.


De repente compreendo, mergulhada em lembranças e agradecimentos, que nossas vidas não podem ficar em gavetas à espera de dias melhores. Esses lugares abençoados dão guarida apenas ao que já aconteceu; o agora, não lhes cabe abrigar.


Lançados ao infinito desde o nascimento, nossa tarefa é cumprir a jornada, seja em dias de calmaria ou de turbulências, plantando sementes de alegria do jeito que for possível.


Há um mundo encantado em meus guardados. Dei-me conta disso, nestes dias de ficar em casa, quando reencontrei delicadezas a traduzirem felicidades de antes. Entendi que o tempo presente não cabe em gavetas, precisa seguir acontecendo com a liberdade de cada dia que chega.


Nossa tarefa é viver o agora, construindo e valorizando pequenas felicidades, mesmo que estes sejam tempos de pandemia.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 16/4/21.

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