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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

05/04/2021 - 12h13min

Comportamento

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Semana Santa

Crianças fazendo o sinal da cruz e rezando antes de dormir, o mundo era feito assim, naqueles tempos de leituras sobre gatos usando botas, príncipes salvando donzelas, e de cigarras aprendendo com formigas. Vivíamos de abraços e brinquedos inventados, proibidos de falar nomes feios e de responder aos mais velhos. Acreditávamos em fadas e coelhinhos.

Os dias que antecediam a Páscoa, naquelas infâncias antigas, eram sempre marcados pela religiosidade levada a sério. Risos e faceirices comuns do dia a dia precisavam ser contidos. E, no espaço hoje ocupado pela escolha de bombons recheados e ovos com surpresas, havia missas com ramos benzidos e vestes roxas, procissões de velas acesas, mães de cabelos cobertos por véus de renda, pais de chapéu na mão.


Semana Santa era um tempo diferente, uma parada providencial aos corações, que se deixavam levar pela introspecção e a busca de sentido para a existência. Prática de jejum, para entender o grandioso sacrifício feito para todos.


Sexta-feira da Paixão era sinônimo de recolhimento. Nada de festas e outras diversões, apenas o aconchego das orações e dos arrependimentos sinceros. Rádios e toca-discos desligados em respeito à tristeza de todos os cristãos pela crucificação de Jesus e o seu sepultamento. A quietude invadia casas em sinal de luto compartilhado pela fé. Até a meia-noite.


Sábado de Aleluia chegava, depois de beijarmos os pés do Cristo morto e a Sexta-feira despedir-se em silêncio. Pronto para os preparativos do terceiro e extraordinário dia em que Ele ressuscitaria, ensinando-nos o verdadeiro milagre da vida. Momento de enfeitar ninhos para a doce passagem do coelhinho.


Eis que chegava o Domingo de Páscoa, família reunida conversando em volta da mesa farta, sorrisos soltos, cantorias e alegria liberadas. Nos cestos de vime com barba-de-pau, ovos de açúcar, de marzipã e de chocolate, cuca de mel, trabalho dos pequenos e atenciosos coelhos que se faziam mágicos para celebrar a esperança renascida.


Na Semana Santa daquelas antigas infâncias, eu costumava ir à igreja de mãos dadas com a mãe, levando pequeno rosário de contas entre os dedos. Eram dias muito diferentes dos outros, havia silêncios e jejuns, rezas e procissões, véus e velas acesas.


Recordar daqueles tempos é o presente trazido pelo bom coelho todos os anos. Em meu ninho de Páscoa, ainda encontro ressurreição.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 1/4/21.

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