05/12/2016 - 14h02min
Já acompanhei de perto o dia a dia de um Clube. Mais de um, até. Todo seu lado sujo, rasteiras políticas. Amigos deixando de ser - por bobagens, ou não. Dinheiro esvaindo como espumas ao vento. Em meio a isso, a bola rola. Dirigentes viram gigantes. O cinismo rola. Milhões são divulgados em balanços ressalvados. O mau-caratismo desliza.
Confesso, amigos, quase desisti do futebol. Passei a acompanhar de longe. Por vezes, tapando o sol com a peneira. Feliz. Mesmo, desacreditado do futebol.
Nas fortes dores, acredito eu, somos forçados a rever alguns conceitos. Geralmente, sou meio cético a determinadas barbáries que acontecem rotineiramente em nosso cotidiano. Mas a da madrugada da última terça-feira, 29 de novembro, com a queda do voo charter que levava a equipe da Chapecoense, na final da Sul-americana, me derrubou. Atletas, dirigentes, jornalistas: famílias dilaceradas. Uma tristeza sem fim.
A Comoção Mundial
O início do meu texto, ali em cima, amargo, é justamente para mostrar a ti, caro leitor, que, mesmo em um momento trágico, temos muito o que aprender. Na terça-feira, 30, vendo a repercussão que a população mundial acolheu os jogadores da Chapecoense, voltaram a me devolver o amor ao futebol. Não tem como não chorar ao ver o minuto de silêncio no jogo do Liverpool (um minuto de verdade. E de silêncio, mesmo); e então, o que dizer do estádio do adversário, lotado, cantando “Vamo, Vamo chapê”; ou, mesmo, as centenas de homenagens mundo afora. Essa, amigos, creio que seja a verdadeira força do futebol.
As Causas do Acidente
Quando jovem, iniciei o curso de piloto privado no Aeroclube do Rio Grande do Sul, na Capital. Apesar de não concluir a habilitação total, à época, tive importantes conhecimentos nas disciplinas básicas: navegação aérea, meteorologia aeronáutica, conhecimentos técnicos e motores, regulamentos de tráfego aéreo, e teorias de voo; conforme as declarações oficiais das autoridades colombianas, o que a companhia fez foi de uma irresponsabilidade do tamanho da colorada ao deixar o Celso Roth na casamata do Inter. Uma barbaridade. Uma sequência de falhas absurdas. Apesar de não concluídas, as investigações em nada vão reparar a dor das famílias. Mas tem de ser avaliadas. E bem.
As Mortes de Jornalistas
Além dos jogadores e dirigentes da Chapecoense, esse foi um dos maiores acidentes envolvendo jornalistas na história do Brasil. Grandes nomes se foram. Duas tragédias em uma.
E pensar que tem gente que compara isso a um descenso a segunda divisão. Coisas do futebol. O lado vazio do copo. O lado cheio, entretanto, podemos ver em atitudes aqui mesmo, no Brasil, e mundo afora.
A Chapecoense, apesar da dor que deixa entre os seus, teve seu capítulo mais importante na última semana. Capítulo de um livro aberto com muitas páginas positivas a serem viradas. Que vão em paz.
Hoje, voltei a acreditar no encantador amor do futebol.
A Soberba Colorada
Tudo bem, não vou ficar martelando que o Fernando Carvalho foi de uma infelicidade gigantesca em comparar o descenso do Inter com a tragédia da Chapecoense. Perdeu o momento de ficar quieto, tá nervoso e tal. Ao menos, tentou se redimir. Ponto.
O pior, ao meu ver, é o choro antecipado, argumentando que “lá na frente”, o adiamento das partidas tem de ser discutido. Logo o Carvalho que nunca desistiu, assim como ocorreu em 2002. Teve fé (mala preta?) e deu certo.
Carvalho, penso eu, é o retrato do Inter hoje: já venceu tudo; agora, está ultrapassado, soberbo, arrogante. Os “Adoradores do Carvalho” certamente dirão que a culpa é do Piffero, que também é soberbo, arrogante e afins. E realmente também estarão certos. Culpa dele também. Mas quem manteve o Celso Roth até não dar mais, não foi ele, conforme dito pelo próprio Carvalho.
O mesmo Roth que proporcionou o maior fiasco da história do Inter, até então, o Mazembe. Ao que tudo indica, Carvalho, Piffero, Roth, que estavam lá, em 2010, conseguirão superar essa marca.
“Time grande não cai”. É meus amigos, essa soberba que, muito provavelmente derrubará o Inter. Caso não derrube, Carvalho voltará a ser deus entre alguns colorados e segue o baile.
Com a Mão na Taça
E na próxima quarta-feira, o Grêmio deverá dar a primeira volta Olímpica da Arena, sendo Campeão da Copa do Brasil. O adversário, Atlético Mineiro, para reverter, terá que fazer três gols de diferença.
Essa será a primeira partida após a tragédia ocorrida na Colômbia e deverá ser marcada por homenagens aos jornalistas, jogadores e dirigentes da Chapecoense.
Me Passei - O atento leitor e cônsul do Inter em Guaíba, Jackson Rocha, me alertou que coloquei um dado equivocado, aqui, semana passada. Na realidade o Grêmio foi rebaixado em 1991 e o Inter, campeão da Copa do Brasil, em 1992.
Éramos piás, ainda. Me passei nas contas.
Destaque da Semana
A maior tragédia aérea envolvendo um time de futebol, com a confirmação de 71 mortos na Colômbia. Triste destaque negativo.
Não dá pra entender
As infelizes declarações do dirigente Fernando Carvalho, comparando a situação do Inter, com a tragédia ocorrida na Colômbia.
Dúvida
Diante de tamanha comoção mundial, podemos resumir futebol como um esporte que são apenas 22 homens correndo atrás duma bola?
Fábio Araujo
Publicado em 3/12/16.
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