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31/01/2020 - 15h14min

Perspectiva

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Davos e a Era Greta

A coluna completa, nesta edição, nove anos de parceria com os leitores da Gazeta Centro-Sul. Falta um ano para “Uma década em Perspectiva”, livro que assumi compromisso de escrever. Minha preocupação é que a conjuntura mundial está dando sinais de grandes transformações. Assim, é primordial aguardar 2021 para começar a fazer uma análise mais atualizada.

Um exemplo dessas mudanças é o Fórum Mundial Econômico de Davos, uma pequena estação de esqui, na Suíça, que se tornou sinônimo do World Economic Forum (WEF). Criado em 1971, pelo economista alemão Klaus Schwab, com o objetivo de facilitar o diálogo entre empresários europeus e americanos, já mostra sinais de mudanças de rumo ao completar 50 anos.

O Relatório Global de Riscos publicado no evento, afirma, pela primeira vez, que todos os principais perigos de longo prazo são ambientais. As metas de sustentabilidade, marcas registradas deste milênio, perderam espaço para a urgência na contenção das mudanças climáticas. Já é percebido um movimento migratório de negócios dos setores poluidores para os de “tecnologia mais limpa”. Já percebe-se uma sutil orientação de alguns bancos centrais fomentando a transferência de investimentos para empreendimentos poupadores de recursos naturais. E nós apostando na exploração do carvão.

Na real, as mudanças climáticas estão colocando em risco os lucros do capital. Nessa conjuntura, começa a ser “insustentável” manter investimentos em matrizes poluidoras e mais seguro e lucrativo “pular fora”. Vejam a China, que está repensando seu sistema de produção e consumo. Certamente, são sinais claros de mudanças. E o Brasil está na contramão dessa história.

Um paradigma dessas mudanças e transformações mundiais em curso, é a mensagem forte e carismática da ativista sueca Greta Ernman Thunberg, a “piralha”, como foi chamada de forma grotesca. Pautou os debates do “grande capital” e atraiu a atenção da imprensa em Davos, com uma intervenção sólida e fundamentada, desmontando, inclusive, a tese de “alarmismo” de Trump. Sintetizou: “Trata-se de nós e das futuras gerações, mas sobretudo de trazer a ciência para o centro da conversa.” Enquanto isso, o ministro Guedes afirma que a pobreza é o grande problema ambiental Disse que “As pessoas destroem o meio ambiente por que precisam comer”. Sinto vergonha!

Greta já tinha assombrado quando desafiou as lideranças mundiais com um discurso na cúpula climática da ONU. Sua bandeira de luta atrai multidões e a atenção da mídia. Ela representa uma nova ordem mundial que nem o Fórum de Davos escapou. Não há mais espaço para a “insustentabilidade”.

Davos não será o mesmo depois da “Era Greta”. A “pirralha” sueca, com eloquência e desembaraço, mostrou que não há futuro para a humanidade, se persistir esse sistema linear de produção e consumo. Salve Greta!

“A sociedade de consumo é, no fundo, uma religião fanática, um fundamentalismo pior do que o do Bin Laden. Está arrasando o planeta.” (José Antônio Lutzenberger).

Túlio Carvalho

[email protected]

Publicado em 01/2/2020.

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