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05/03/2018 - 14h08min

Perspectiva

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Intolerância e Ódio

Num desses dias quentes de fevereiro, depois do almoço, com meu amigo Claudio Dilda, fomos, como de costume, numa cafeteria, no centro de Porto Alegre. Adoro nossa capital no período de verão. A tranquilidade traz certa nostalgia no ar. Esses momentos lembram muito os tempos de estudante.

Os bate-papos com o Dilda sempre agregam novas teses e utopias. Muitas idéias para Perspectiva surgem nas mesas de café e são registradas num guardanapo de papel. Não foi diferente dessa vez! A coluna do Juremir Machado, no Correio do Povo (19/02/2018), “A era das certezas”, ancorou um debate sobre o crescimento da intolerância e do ódio.

O tema tomou conta do meu imaginário e fez extravasar, aos turbilhões, questões intrigantes: Por que as pessoas ficam cegas quando se agarram a uma fé ou idéia? Por que é difícil aceitar as diferenças e conviver em harmonia com as divergências? O que está por trás de tanta intolerância e ódio? Seria medo do desconhecido ou um mecanismo de submissão e repressão?

A intolerância é uma indisposição diante de outro que autoriza a separação, a não convivência, o isolamento e o desprezo. Um racista odeia os negros e não um negro em particular. O mesmo vale para qualquer intransigência e preconceito existentes. São sentimentos que se abrigam em estereótipos e precisam ser ensinados, pois não nascemos com esses valores.

O discurso do ódio contém a intenção de propagar a inferioridade de pessoas ou grupos, por puro preconceito e rigidez ideológica. Ele é muito mais complexo que a raiva e o desprezo. É um dos mais potentes, cruéis e desumanos sentimentos de hostilidade que somos capazes de produzir.

A intolerância religiosa se baseia na convicção de que algum texto ou preceito seja infalível e historicamente preciso. O assassinato dos chargistas franceses do Charlie Hebdo é um exemplo extremo disso. Esse ato criminoso expôs ao mundo a “guerra” latente e a tentativa de barrar a liberdade de pensar e de se expressar. Matam os “diferentes” em nome de suas “crenças”!

Essa “guerra” se faz presente no Brasil. Materializou-se na amostra do “Queermuseu”, no Santander, em Porto Alegre, onde uma exposição de obras de gênero e de diversidade sexual foi “crucificada” pelo fundamentalismo, varrendo para baixo do tapete “verdades”. E o que dizer sobre as agressões e destruições de santuários e imagens religiosas?! Mais preocupante é a expressão da intolerância e do ódio em nome do “Senhor”.

A democracia também é estraçalhada pela intolerância e o ódio. É impossível manifestar suas preferências políticas sem atrair hostilidades raivosas. Há ditaduras ideológicas implacáveis! No Facebook, um dos grandes campos de batalha, os intolerantes “reinam” e expõem suas almas doentes. Por fim, fica um ponto central de toda essa discussão: O que leva algumas pessoas se julgarem donas da verdade e acima do bem e do mal?!

“A intolerância está situada no início do ódio”. (Elie Wiesel, escritor judeu, prêmio Nobel da Paz de 1986).

Túlio Carvalho

[email protected]

Publicado em 3/3/2018.

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