Gazeta Centro-Sul
Terça-feira, 16 de abril de 2024
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09/10/2017 - 10h37min
Perspectiva
Vale a pena lutar pela vida!
Um dia desses, recebi de um amigo, um vídeo da BBC que apresentava uma matéria sobre um inglês que, aos 95 anos, resolveu praticar esportes. Fiquei impressionado com o que vi. Charles, o novo atleta, mostrou que sempre é possível começar. Isso também é válido para o recomeçar. Num trecho da entrevista, ele disse “Eu tenho 97 anos e apenas comecei a perceber o quanto eu não sei.” Fascinante! Provocante!
Semana passada, participei, em Porto Alegre, da “Agenda global das mudanças climáticas: realidade e utopias”. Ouvi o professor Francisco Eliseu Aquino, da UFRGS, demonstrar a problemática do aquecimento do planeta e apresentar um extenso relato de eventos climáticos desastrosos e danosos, com enormes prejuízos socioeconômicos e perdas de vidas. Impressionante!
O professor destacou que, por causa de uma mídia comprometida com o “sistema dominante”, no imaginário popular, as mudanças climáticas são cíclicas e nada tem a ver com o modelo de desenvolvimento. Cruel!
Essa maquiavélica estratégia passa a ser a âncora para os defensores do modelo “insustentável” de desenvolvimento mascararem a realidade, emperrarem os tratados da ONU sobre meio ambiente, desestabilizando ações para reverter esse quadro catastrófico. No vácuo dessa manobra da opinião pública, Trump implementa uma danosa política ambiental. Terrível!
No mesmo caminho, no Brasil, o “cambaleante” governo Temer, na contramão mundial, bancado por deputados aliados que, para tanto, recebem “volumosas razões”, protagoniza uma política de flexibilização (ou desmanche?!) da legislação ambiental. No mesmo bojo está o desmantelamento das áreas de proteção da Amazônia. Perverso!
Ultimamente, tenho me pego pensando na vida. Levantar cedo todos os dias, correr para o trabalho, me envolver em projetos que buscam equalizar problemas sociais, econômicos e ambientais... E, de repente... Verificar que nada disso interessa para aqueles que estão no poder. Pior é descobrir que esse poder não está nas mãos daqueles eleitos pelo povo. Na real, está nas mãos de grandes capitais sem pátria, sem compromisso.
Desalentador!
Passada a melancolia, toco o barco! Tomo folego, respiro fundo e volto à “batalha”. Para alguns parece ser uma guerra perdida. Eu não penso assim! Sempre soube que essa luta é desigual, mas continuo acreditando que é possível mudar o mundo e materializar essa utopia. Penso ser esse o caminho para alcançar a tal “felicidade”. Precisamos lutar pela vida. Vale a pena!
“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!” (Das Utopias – Mario Quintana).
Túlio Carvalho
Publicado em 7/10/2017.
