06/02/2017 - 12h56min
Pois é!... Perspectiva completou mais um ano de Gazeta Centro-Sul. São seis anos de interlocução com a comunidade guaibense. Passa rápido!... Logo vai completar uma década!... E aí?!... Assumi um compromisso (firmado comigo mesmo!) de escrever um livro a partir da releitura dos textos publicados na coluna, buscando uma síntese dessas análises, à luz daquelas conjunturas, contextualizando com a realidade que teremos em 2021.
Essa ideia surgiu de um bate-papo com meu genro, o Pedro, quando eu disse, em tom de brincadeira: O que será que a Alice e o Bruno irão pensar sobre o “vovozico Túlio”, ao ler esses textos? Pois então!... Pensei!... Vou fazer uma resenha crítica dos artigos para deixar mais claro o que pensava “o vovô” sobre a nossa realidade social. Ah!... Não vou me candidatar a dono da verdade. Apenas externar meu entendimento!...
Pensando nessa Perspectiva, revendo os temas abordados nesses seis anos, me deparei com o artigo “Sociedade Líquida” do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ele analisa uma série de mudanças que se estabeleceram nas últimas décadas e que exerceu, e ainda exerce, influência sobre o mundo social contemporâneo. Entre elas, uma das maiores forças de transformação da sociedade moderna: a globalização. A aproximação ou o “encurtamento das distâncias” transformou as relações humanas de várias formas.
Essa tese centra-se num conjunto de convivências e dinâmicas que se apresentam na sociedade e que se caracterizam pela sua fluidez e volatilidade nas relações entre seres humanos e instituições sociais. Para Bauman, as relações transformam-se, tornam-se voláteis, à medida em que os parâmetros concretos de “classificação” dissolvem-se. Lembrei dos “amigos” do Facebook!
Surge, aí, a individualização, onde o sujeito se encontra livre para ser o que conseguir ser mediante suas próprias forças e interesses. A falta de pontos de referência socialmente estabelecidos e generalizadores levam às incertezas. Os indivíduos não possuem mais padrões nem códigos sociais e culturais que lhes possibilitam, ao mesmo tempo, construir sua vida e se inserir dentro das condições de classe e cidadania. Nessa ótica, algumas indagações sobre o sentimento de “pertencimento social” começam a ser respondidas.
Assim, pergunto: Como efetivar uma “Participação Cidadã” no contexto de “Sociedade Líquida”? É possível “sentir-se parte” de uma sociedade solidária e fraterna num ambiente de relações “líquidas”, “voláteis”? Vivemos uma realidade onde os valores estão se individualizando e se distanciando do coletivo. Não é só na política! Temos que restabelecer uma escala de valores na nossa sociedade que cultue a ética e a moral como pilares, se não continuaremos sendo um povo injusto e desonesto. Pior ainda, hipócrita!
“A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral”. Zygmunt Bauman.
Túlio Carvalho
Publicado em 4/2/17.
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