Gazeta Centro-Sul
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17/04/2014 - 21h57min
Medicamento Trocado
Remédio errado pode ter matado menina de 14 anos.
Após ter objetos quebrados por populares, farmácia permaneceu fechada durante toda a semana
Uma adolescente de 14 anos morreu depois de inalar medicamento errado durante uma crise de bronquite asmática. Andriza Oliveira da Silva precisava inalar um broncodilatador, mas acabou usando, na nebulização, maleato de timolol, um colírio para glaucoma. A fatalidade teve forte repercussão no Estado e no País, comovendo sobremaneira a comunidade dos bairros Cohab e Santa Rita.
Como foi o caso
O remédio foi adquirido em uma farmácia localizada na Avenida Lupicínio Rodrigues, Bairro Cohab, na segunda-feira, 14. A compra foi efetuada pela irmã da vítima, de apenas 10 anos, que levava consigo um bilhete com os dizeres “Berotek genérico o mais barato”. Por engano da funcionária do estabelecimento, o remédio vendido foi outro. A jovem de 14 anos não percebeu o equívoco, preparou a medicação e inalou, passando mal em seguida. Tempo mais tarde, ela foi encaminhada ao Pronto Atendimento (PA), não resistindo a um edema pulmonar.
A família registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia (DP) de Guaíba, relatando o fato.
Revolta da População
A possível falha da funcionária da farmácia gerou indignação em parte da população local, que foi até o estabelecimento tentar agredir a vendedora na terça-feira, 15. No entanto, a mesma não estava. Alguns objetos da farmácia foram quebrados. A Brigada Militar esteve no local para acalmar os ânimos. Desde então, o estabelecimento permaneceu fechado.
Busca e Apreensão na quarta-feira, 16
Na tarde de quarta-feira, 16, agentes da DP de Guaíba comandaram operação de busca e apreensão (foto), levando três computadores da farmácia.
Imagens das câmeras de segurança do local também deverão auxiliar nas investigações.
Protesto da Comunidade
Ainda na quarta-feira, manifestantes realizaram protesto em frente a farmácia, clamando por justiça.
O que diz a Polícia Civil
O chefe do Setor de Investigações da DP, Leonardo Gardel, salientou que a Polícia aguarda os laudos complementares solicitados ao Instituto Geral de Perícias (IGP). “A certidão de óbito diz que ela foi vítima de um edema pulmonar agudo. Entretanto, não está esclarecido se o uso da medicação errada pode ter influenciado para que isso acontecesse”, observou o policial. Caso haja confirmação, a vendedora deverá responder inquérito por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
A Polícia investigará, ainda, outras responsabilidades, como o fato do medicamento, que necessita de prescrição médica, ter sido entregue para uma criança de apenas 10 anos. “Já entramos em contato com a Prefeitura, buscando saber como são realizadas as fiscalizações nas farmácias da Cidade”, observou Gardel.
As Versões apuradas na DP de Guaíba
Leonardo Gardel salientou que o proprietário do estabelecimento foi ouvido e garantiu que uma farmacêutica estava no local no momento da compra, contudo não estaria no balcão de atendimento.
De acordo com o policial, a mãe da vítima, durante depoimento, afirmou que estava em casa quando a menina de 10 anos levou o bilhete para a compra do remédio. Porém, só teria percebido o ocorrido após Andriza ter inalado o remédio errado. “Com isso, ela teria tentado dar soro para a criança; como não funcionou, chamou um vizinho e a encaminhou para o PA, indo a óbito”, relatou Gardel.
Nos próximos dias, mais envolvidos serão ouvidos pela Polícia.
A Vítima
Andriza era estudante da Escola Estadual Aglae Kehl, sendo muito estimada por professores e colegas.
O velório da adolescente, com a presença de amigos e familiares, aconteceu na terça-feira, 15, no Cemitério Municipal de Guaíba.
A Gazeta Centro-Sul tentou contato com o proprietário da farmácia, mas o mesmo não foi localizado.
Fotos: Krigger/Especial
Publicado em 19/4/14.
Polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na quarta-feira, 16
