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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

23/03/2020 - 11h03min

Leandro André

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Afastado da Neta

Separar um avô de sua neta de sete anos é muita crueldade, muita. Foi isso que o novo coronavírus fez comigo. Tenho vontade de chutar o balde e correr para abraçá-la. Sinto sua falta no comando aqui de casa, ocupando toda a sala com seus brinquedos e tomando conta da TV. Sinto falta dos seus desenhos e histórias, de suas perguntas inusitadas. Mas tenho que aguentar e esperar o tempo passar, isolado, é o melhor que tenho a fazer por ela, por mim e por toda a comunidade.

De tanto assistir TV, me tornei especialista em Covid-19, sei tudo dessa doença maldita. Já estou ficando com ódio dos ensinamentos de como se deve lavar as mãos. Sem perceber, vou antecipando as instruções: lavar entre os dedos, debaixo das unhas... Estou cansado de ver e ouvir infectologistas dizendo as mesmas coisas e respondendo as mesmas perguntas dia e noite. Falta pouco para eu dançar na sacada, cantando e batendo panela, conforme estão fazendo na Itália.

Converso com a minha neta via celular. Na verdade, dou tchauzinho, pois não há o que conversar com uma criança de sete anos pelo celular.

As poucas vezes que saio de casa para uma ação de trabalho, cumprimento as pessoas batendo os cotovelos, pois não se pode mais apertar as mãos, o que me causa constrangimento. Há quem toque os pés, com chutinhos, mas isso eu me nego. Imagina cumprimentar o Selito com chutinhos.

Outra coisa que estou odiando é o Netflix, pois já assisti todos os filmes bons, e os razoáveis, também. Só restaram as nabas.

Pessoas que se alimentam de morcegos provocaram a mutação do coronavírus, que passou a infectar os humanos em todo o Planeta. Comer morcego é uma barbaridade, eu desprezo quem come morcego. Há teorias da conspiração que “explicam” o que teria causado essa pandemia, mas isso não importa neste momento.


Agora, estamos separados dos netos, dos filhos, dos familiares e amigos; quando muito, batemos cotovelos e pés. Estamos assistindo infectologistas dizendo as mesmas coisas, dia e noite, e gente ensinado a lavar as mãos, dia e noite. Ao dormir, tenho pesadelos; corro desesperado atrás do álcool em gel até cair no precipício.

Vídeos com mensagens filosóficas e sentimentais, destacando reflexões da vida em sociedade, chegam em blocos a todo instante no meu celular, misturados com piadas sobre o coronavírus. Oscilo intensamente entre emoção e gargalhadas.

Em 2025. – Mãe, você me deu esse nome por que nasci em meio a pandemia do coronavírus? – Não diga besteira, Alcolgelson!

Viu? Recebi isso depois de uma série de casos emocionantes de solidariedade.

E quando parece que este quadro dramático não pode piorar, o Presidente Bolsonaro aparece na TV com uma máscara cirúrgica pendurada na orelha, dizendo que vai para o metrô de São Paulo lotado e depois para as barcas lotadas no Rio de Janeiro na hora do pico. O presidente da República quer lotação, quer aglomeração numa hora dessas. Mito! Estou temporariamente brigado com a Tia Alaíde por causa disso.

Decidi que vou ver menos TV e ler mais. Por conta da minha profissão, me mantenho atualizado para repassar fatos relevantes para os leitores, mas me nego a assistir aulas de como lavar as mãos. Já aprendi!

Nos próximos dias, acredito que tudo vai fechar de vez, permanecendo em atividade somente os serviços essenciais, seguindo o que está acontecendo na Itália e em outros países da Europa. Temos que ter calma, nos mantermos informados, sem compartilhar fake news, sem pânico. Devemos aproveitar o tempo para crescermos como pessoas.


Uma questão relevante que não está sendo discutida com a profundidade que precisa é a questão econômica. Como a maioria da população vai sobreviver, com as empresas fechadas? As autoridades precisam falar sobre isso.

Educação e Argumentos

A principal função de um sindicato é lutar pela categoria que representa e protestar contra perdas salariais e de direitos. No entanto, sair às ruas gritando palavras de baixo calão, despejando linguagem rasa de redes sociais, é tiro no pé. A população não aprova esse tipo de comportamento.

Quem troca argumentos por agressividade sempre perde, porque termina com a possibilidade de diálogo, que é a porta principal da negociação.



Faltam trocados para inaugurar a DP

De acordo com informação registrada em matéria nesta edição, falta somente R$ 50 mil para a conclusão do prédio da nova DP de Guaíba. Este valor, mesmo para o Estado do RS, é troco, principalmente se compararmos com o benefício que representa o prédio para a comunidade.

Áudios Falsos

Não bastasse o drama causado pela pandemia, há gente que encontra tempo para produzir e compartilhar áudios falsos, com revelações dramáticas, que a Imprensa não divulga e tal. As histórias falsas sempre têm origem na informação da amiga da irmã de um cunhado. É de cair os butiás dos bolsos!

Leandro André

[email protected]

Publicado em 21/3/20.

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