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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

24/12/2018 - 09h00min

Leandro André

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Meu Pacote de Natal

Sempre que chega o Natal, eu recebo um pacote com sentimentos de felicidade, tristeza e saudade; tudo misturado.


Nos olhos das crianças, mais precisamente da minha neta Isabela, recebo a felicidade na pureza, na alegria da simplicidade, nas histórias cheias de imaginação e cores; recebo um mundo perfeito.

Quando olho pela janela e passa aquela carroça carregada de sucatas, onde uma criança está sentada sobre pedaços de papelão em uma viagem de trabalho pesado e de pouco rendimento financeiro, recebo a tristeza.

A menina é linda, como são as crianças, mas sua aparência revela falta de higiene, ressalta a pobreza estúpida da desigualdade social, do grande problema ainda não resolvido. A tristeza acentua o contraste e me atinge como flecha envenenada; me sinto impotente na luta ácida por mais igualdade.

E lá se vai a carroça dobrando a esquina, levando a família pobre na dura viagem pela sobrevivência. Fico alguns minutos na janela, refletindo no vazio cinza de um mundo que divide na mesma rua a nanotecnologia e a fome.

Volto para o interior da minha casa e pego um álbum de fotografias, daqueles em extinção, que sucumbem à oferta digital. Nas imagens do passado, reencontro meus pais, meu irmão, avós, tios, primos e amigos que já partiram deste mundo. Então, recebo a saudade que me aperta o peito.

Minha mãe sorri na ponta da mesa segurando um pote grande de salada de batatas com maionese; o sorriso dela é o mais lindo que já vi. Meu pai faz um brinde com um copo de cerveja no alto; o velho adorava quando a família se reunia na volta de uma mesa. Meu irmão dá gargalhadas; nós ríamos de tudo na adolescência dramática, nenhum parente escapava de um apelido caricato, que mantínhamos em segredo apenas para alimentar nossa fonte das risadas de imaturos sem noção. Como era bom dar gargalhadas com meu irmão.

O olhar da neta e sua energia pura, o sopro de um mundo perfeito; a criança pobre lutando tão cedo pela sobrevivência; e o álbum de fotografias marcando momentos bacanas que não voltam mais. Tudo está no pacote que já chegou.

A árvore de Natal está acesa, a comida de festa vai ocupando o espaço na mesa e os convidados vão chegando. Em poucos minutos, tem alarido. Então, a alegria toma conta do ambiente e de mim, gerando acontecimentos a preencherem álbuns de memórias que nos fazem seguir em frente.

O meu Natal é sempre igual, um pacote misturando sentimentos de felicidade, tristeza e saudade chegando de forma espontânea. Não importa o que aconteça, fico dividido entre o sorriso, a lágrima e o peito apertado. Já tentei fórmulas para filtrar a tristeza e a saudade, mas não deram certo, elas não se separam. Insisti em me livrar da tristeza e da saudade por um tempo, até perceber que é assim mesmo, que estes sentimentos fazem parte da vida neste cadinho de provações.

Todos estão sorrindo na sala, as crianças pulando em meio a embrulhos e brinquedos coloridos, os adultos batem palmas e soltam vivas, as luzes da árvore de Natal piscam; a nuvem da felicidade envolve a todos.

Lá na porta da cozinha, atrás da algazarra, vejo minha mãe com o pote grande de salada de batatas com maionese sorrindo para mim; meu velho saúda com um copo de cerveja para o alto e meu irmão escancara um sorriso, do mesmo jeito da imagem no álbum de fotografias. Retribuo o sorriso e envio um beijo voador antes que partam.

O Papai Noel pode ser um ramal da Coca Cola, pode ser fake ou fato, o que importa é que ele alegra a vida das crianças; e, se faz isso, alegra a vida dos adultos também. Então, ele existe e faz bem. Viva o Papai Noel!

O Natal pode ter significados diferentes para cada pessoa; para mim, é um pacote de sentimentos fortes que recebo no mês de dezembro, reafirmando minha condição de ser humano que sorri, que chora e que sente o peito apertado. Então, renasce a percepção de que o certo a fazer é seguir a jornada, buscando cada vez mais melhorar o conteúdo deste embrulho de sentimentos, que no final das contas recebo de mim mesmo.

Retrospectiva 2018

Este foi um ano dramático em Guaíba e Região, teve acontecimentos negativos e positivos; foi intenso. Vamos relembrar juntos na Retrospectiva do Ano que a Gazeta Centro-Sul vai publicar na próxima semana.

Leandro André

[email protected]

Publicado em 22/12/2018.

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