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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

15/10/2018 - 14h05min

Leandro André

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A Maioria Silenciosa

Os resultados destas eleições, no primeiro turno, ratificaram o que venho observando há algum tempo: o entendimento da maioria da população brasileira não é o mesmo das manifestações organizadas e ruidosas das ruas, das redes sociais e das opiniões divulgadas na Imprensa.

O barulho das ruas, os desaforos dramáticos nas redes sociais e as teses filosóficas divulgadas na grande mídia do País representam a minoria da população, apesar de parecer o contrário. A maioria não se manifesta nas ruas e nas praças, mesmo naqueles atos públicos que reúnem densos aglomerados; a maioria não se envolve em torneios de ódio nas redes socais e não se impressiona com teses filosóficas de intelectuais e artistas que avaliam a vida dos pobres no conforto de seus apartamentos bem localizados.

A esquerda, na minha juventude, era um movimento autêntico, lutando por inclusão, por liberdade de expressão, por direitos humanos, pois isso fazia falta, muita falta. Com o tempo, a esquerda se tornou cínica e arrogante, a ponto de fortalecer a extrema-direita. O exemplo disso é o PT, que se lançou com uma proposta de inclusão, fez um trabalho importante no primeiro Governo Lula e logo se incorporou ao sistema, dando músculo à corrupção. A menos que a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, juízes federais, desembargadores federais e ministros de tribunais superiores tenham feito um complô com a CIA para prender o ex-presidente Lula, ele foi preso por corrupção, de forma justa, por receber vantagens pessoais das grandes empreiteiras para facilitar a execução de obras públicas superfaturadas, num esquema de propinas milionárias que transcendeu as fronteiras do Brasil.

A maioria silenciosa vê na Lava-jato uma ação importante para reduzir de forma significativa a corrupção no País. Portanto, a maioria entende que Lula está preso justamente. Mas a minoria barulhenta de esquerda vê na Lava-jato um golpe da elite branca ao socialismo. Como é arrogante e não faz autocrítica, a minoria barulhenta de esquerda não reconhece os grandes empreiteiros amigos do Lula como elite branca; não considera o mensalão que sustentou os trezentos picaretas no Congresso Nacional, não acredita na roubalheira na Petrobras nem no desastre do Governo Dilma. Também não reconhece que o Temer foi eleito e reeleito com a Dilma e que ambos deram um golpe nos eleitores para se reelegerem.

A maioria silenciosa quer respeito amplo, geral e irrestrito, mas não aceita pregação LGBT para as crianças nas escolas; a maioria silenciosa reconhece que o primeiro Governo Lula foi importante e inclusivo, mas não aceita que um líder corrupto e traidor da causa esteja acima da lei; a maioria silenciosa respeita o direito de manifestação de protesto contra as injustiças e apoia as reivindicações por melhorias para a sociedade, mas não aceita que pequenos grupos tranquem as vias públicas para se fazerem ouvir, desrespeitando o direito constitucional de ir e vir; a maioria das pessoas não quer um ogro autoritário de extrema-direita no poder, mas já percebeu que se esta é a alternativa que restou para dar um recado importante aos políticos, o recado está sendo dado, inclusive para que o próprio ogro fique atento e ciente de que ninguém pode estar acima da lei.

Ninguém Eleito na Região

Nenhum deputado foi eleito em Guaíba e Região. Isso provoca uma reflexão sobre os nossos políticos e, também, sobre o entendimento dos eleitores da Região.

Em Guaíba, quase 41 mil eleitores votaram em candidatos a deputado estadual de fora da Cidade. Este número é forte. Das duas uma, ou os políticos locais são fracos e não passam confiança, ou está faltando uma reflexão a respeito da importância de ter pelo menos um representante político na Assembleia Legislativa. É preciso refletir e falar sobre isso.

Antes de analisar as votações dos principais candidatos vinculados à Aldeia, quero ressaltar que sempre respeito quem se candidata. Não deve ser fácil se expor e pedir votos. Então, parabéns a todos pela coragem de sair da arquibancada e entrar no jogo.

A votação do Marcelo Maranata foi muito menor do que se esperava; na verdade, foi a metade. Isso indica que o seu discurso está perdendo força. Além de uma votação pequena em Guaíba, não ajudou o Janta, líder do Solidariedade, que tentava uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em 2014, com candidatura sub judice, o Cláudio Janta fez pouco mais de 700 votos em Guaíba, sem apoio de candidato local; neste ano, com o “apoio” do Maranata, fez cerca de mil votos na Aldeia.

Além da baixa votação do Maranata, em que pese ter ficado como primeiro suplente do partido, o candidato deixou um mau exemplo, um rastro de santinhos pelo chão no entorno das urnas. Uma grotesca agressão ambiental, além do desrespeito à legislação eleitoral.
O Ministério Público deve agir e cobrar responsabilidade dos candidatos que emporcalharam a Cidade.

A votação da vereadora Cláudia Jardim pode ser interpretada como boa e como ruim. Considerando o forte apoio que recebeu do DEM, de ter surfado na onda Bolsonaro em cima do caminhão gigante do Capitão, prometendo terminar com a “corja” de políticos corruptos, a sua votação não foi tão expressiva.

Na Câmara Municipal, a vereadora faz um discurso feminista bem diferente do que o do Bolsonaro. Mas é assim mesmo, a parlamentar é bem flexível, tem a capacidade de ser governo e oposição ao mesmo tempo, basta analisar os governos do Henrique Tavares e do Sperotto.

O vereador Caio Larrea (PPS) retornou de repente do Mato Grosso, se candidatou à Câmara Federal e faz votação de vereador. A fila andou enquanto Caio Larrea esteve fora.

O vereador Alex Medeiros (PP) esperava uma votação bem maior e credita a baixa votação à falta de união da Região, comparando com a Serra Gaúcha, por exemplo. Pode ser, mas tem de fazer autocrítica também, assim como os demais políticos locais.

Foi fraca a votação do Coronel Quadros (PDT). Talvez tenha se iludido com as redes sociais. Fez um bom trabalho no Comando da BM, mas não houve diálogo entre as curtidas na Internet e as urnas.

A baixa votação dos candidatos do PTB na Aldeia revela que o prefeito José Sperotto está enfraquecido. Na Câmara de Vereadores, ainda tem força, mas nas vilas os butiás já caíram dos bolsos.

Resumo da bufa, as urnas deram o recado, cabe aos políticos descerem do pedestal e fazerem uma reflexão profunda. Ou não.



Leandro André

[email protected]


Publicado em 13/10/2018

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