Gazeta Centro-Sul
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18/06/2018 - 13h56min
Leandro André
Cabide de Empregos na Câmara
O texto a seguir foi publicado aqui na Coluna, na edição impressa da Gazeta Centro-Sul 1264, no dia 6 de janeiro de 2018. Confira.
Eu faço cobertura jornalística na Câmara de Vereadores de Guaíba há mais de trinta anos. Conheço o funcionamento da Casa do Povo como a palma da minha mão. Já vi e critiquei de público muito desperdício de dinheiro público em obras de reformas sem fim; fiz a mesma coisa com viagens para cursos de faz de conta em cidades turísticas e já critiquei a multiplicação de CCs.
Na gestão do vereador Renan Pereira pensei que estavam começando novos tempos da administração da Câmara Municipal, considerando que as diárias para viagens turísticas foram cortadas, que um curso importante de aperfeiçoamento foi feito na própria Câmara, bem como o sistema adotado para o controle de cumprimento de horário dos servidores, do fim dos desvios de função e a postura correta adotada em relação ao julgamento da ex-vereadora Luciana Kubiaki. Mas, essa semana (janeiro de 2018), percebi que me enganei ao acreditar que novos tempos estavam despontando na Casa do Povo de Guaíba. Me enganaram.
Infelizmente, os cargos que estão sendo criados são desnecessários, assim como outros já criados há mais tempo. A Câmara de Vereadores segue servindo de cabide de empregos, com cargos desnecessários e salários pagos com o dinheiro do povo, com o nosso dinheiro.
Desta vez, a criação de cargos é feita por meio de sessões extraordinárias, com convocação no dia 2 de janeiro para sessão no dia 4 (dois dias antes), que acontecem no meio da tarde e no final da manhã. Pode até ser legal do ponto de vista jurídico, mas, na minha opinião, trata-se de um desprezo à população. É vergonhoso.
O raciocínio do presidente da Câmara, de que não traz prejuízos à sociedade o aumento de cargos, sejam lá quantos forem, desde que se reduza os altos salários para equilibrar as contas (ver matéria nesta edição – 6/1/18), reforça a prática do cabide de empregos. Se foi possível reduzir grandes salários pela metade é porque não precisavam ser tão altos. Quanto aos novos cargos, simplesmente, é uma estratégia partidária para acomodar o compadrio.
Este tipo de situação, que não é exclusividade da Câmara de Vereadores de Guaíba, é o retrato da política brasileira. Os conchavos de gabinetes estão acima dos interesses da população. As casas legislativas neste País, em sua maioria, se tornaram balcões de cargos, de troca de votos por favores. E, por mais que se critique esta prática, ela continua acontecendo. Muitos políticos seguem levando os eleitores para trouxas, porque seguem sendo reeleitos. Quem sabe um dia o povo se acorda e esse desprezo termina.
Conchavos com o Dinheiro Público
Neste ano, o presidente da Câmara foi reeleito a partir da prática que denunciei aqui na Coluna em janeiro, conforme pode ser conferido no texto acima. No entanto, após recente afastamento judicial do presidente, com repercussão no Estado, os onze vereadores que o reelegeram concordaram em cancelar o pacote de bondades, gerando uma economia anual de aproximadamente R$ 700 mil, conforme publicado na Gazeta no dia 9 de junho (na semana passada). Em janeiro, a Mesa Diretora afirmava que não haveria prejuízos à sociedade.
No embalo da intensa repercussão da ação do Ministério Público, a Câmara formou uma CPI para apurar os afastamentos no Legislativo, mas blindou o Executivo. O que, para este colunista, enfraquece sobremaneira a credibilidade da investigação. Acredito que a CPI tem como principal objetivo levar à cassação de mandato do vereador Renan Pereira e dar uma satisfação simbólica à sociedade, uma jogada política de cartas marcadas para tentar abafar o conchavo dos onze que participaram de acomodação do compadrio.
Em relação aos afastamentos na Prefeitura, segue o silêncio constrangedor e a omissão do Legislativo. Depois de tanto se bater nessa tecla, pode ser que a oposição se anime a pedir abertura de uma CPI para apurar os afastamentos na Prefeitura.
No Fantástico
Este sistema de conchavos políticos por cargos fez parte da reportagem do Programa Fantástico, da Rede Globo. O “toma lá dá cá” é uma realidade da política partidária no País, que a Imprensa Livre e Profissional vem denunciando há muito tempo. Importante bater nesta tecla em ano eleitoral.
A tensão é grande na Aldeia.
Credibilidade se Conquista
Em abril, completei 31 anos no jornalismo; na Gazeta, são 25 anos. Neste período, conquistamos expressiva credibilidade na sociedade pelo trabalho profissional e imparcial, realizado com qualificada equipe de colaboradores. Isso nos faz ficar sempre vigilantes em relação a nossa responsabilidade.
Credibilidade não se compra, não se inventa, não se pede emprestado, não se consegue enganando e gritando; credibilidade se conquista com trabalho, com coerência e, principalmente, com respeito.
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As redes sociais são ferramentas importantes, tanto que a Gazeta Centro-Sul as utiliza no seu trabalho, mas há pessoas que cometem crimes, confundindo fraude e agressão rasteira com liberdade de expressão, o que é inadmissível.
• Em agosto, vamos anunciar uma novidade importante na Gazeta.
Leandro André
Publicado em 16/6/2018.
