11/06/2018 - 14h29min
Como já me manifestei algumas vezes, a CPI formada para apurar os afastamentos na Câmara perde muito da sua credibilidade pelo fato dos vereadores não terem formado uma Comissão para apurar, também, os afastamentos na Prefeitura.
Uma das principais funções do Legislativo é fiscalizar o Executivo, então, a blindagem da Prefeitura, no mínimo, coloca em dúvida o trabalho desta CPI, devido à falta de coerência e, principalmente, à omissão explícita.
Alguns vereadores alegaram que, primeiro, iriam aprovar a CPI da Câmara para depois tentar a CPI da Prefeitura, pois a base do Governo é muito forte e poderia negar as duas, mas não passou de uma desculpa furada.
Segundo o vereador Miguel Crizel, a Imprensa foi autorizada a acompanhar a sessão da CPI na quarta-feira (eu era o único membro da Imprensa presente). O resumo do que aconteceu pode ser conferido na matéria ao lado.
Data venia (usando uma expressão da moda), para mim ficou clara a intenção absoluta de cassar o Vereador Renan, visando dar uma satisfação simbólica para a sociedade. A carga de perguntas voltadas aos atos do Renan foi intensa, mas em relação ao Bento a abordagem foi frágil como um ovo.
Os advogados do vereador Renan Pereira fizeram intervenção dramática. Falando alto (acredito que dava para se escutar no Supermercado do Paulinho), a defesa ressaltou que os vereadores Collares e Miguel não poderiam ser membros da Comissão, porque Collares também é investigado no mesmo inquérito do MP e Miguel (relator) tem interesse no caso, tendo em vista que move ação na Justiça sobre fato que faz parte da investigação da CPI. No rol das supostas irregularidades, foi ressaltado que não há um fato determinado, como manda a legislação.
Teve bate-boca entre o Vereador Collares e um dos advogados de defesa. O vereador Alex Medeiros, que também é advogado, acomodou o drama, ressaltando que a CPI é soberana e está fazendo o seu papel. Em entrevista a este colunista, admitiu que alguns pontos do requerimento da defesa deveriam ser revistos.
Toda CPI está inserida num contexto político partidário. Portanto, entendo o que está acontecendo, faz parte do jogo, mas tenho o dever de externar a minha opinião, considerando o que venho observando. Não me cabe condenar ou absolver quem quer que seja.
Sobre supostas intervenções do vereador Renan Pereira na Secretaria de Saúde, vejam o que escrevi aqui na Coluna na edição do dia 4 de fevereiro de 2017, a seguir, na íntegra entre aspas.
“Acúmulo de Cargos (título).
A Gazeta Centro-Sul questionou o presidente da Câmara de Vereadores sobre o seu acúmulo de cargos: presidente do Legislativo e médico chefe no PA. Renan Pereira negou ter cargo de chefia no Pronto Atendimento, apesar do secretário da Saúde ter informado que Renan é o médico responsável da Saudex, que atua no PA. De qualquer maneira, Renan enfatiza que não é ilegal. Pode até não ser ilegal, mas, no mínimo, é constrangedor.
Pelo que tenho acompanhado, o Vereador Renan começou bem a sua gestão na Câmara, cheio de atitude e agilidade, mas entendo que não deveria se expor com envolvimento na Secretaria da Saúde, a qual tem o dever de fiscalizar. Cada um no seu quadrado. Se insistir, vai se desgastar politicamente.”
Na época, o vereador Miguel Crizel, que era vice-presidente da Mesa Diretora, trabalhando ombro a ombro com Renan, não se importou, mas agora demonstra muita preocupação. A maioria dos vereadores também não se importou, tanto que os pares da Casa reelegeram Renan para a Presidência de forma inédita.
O Ministério Público está investigando as denúncias com profissionalismo e imparcialidade, e a Justiça irá julgar com base em provas. Não é a RBS quem julga, nem a Gazeta Centro-Sul, nem os “especialistas genéricos” com seus dedos justiceiros nas redes sociais. E, pelo que tenho acompanhado, bem como pelas razões que citei, data venia, o julgamento da Câmara não passa de um jogo político de cartas marcadas.
Na Diretoria de Habitação
Vanessa Kologeski foi convidada para assumir a Diretoria de Habitação de Guaíba. Ela me confirmou o convite e disse que aceitou. Esclareceu que está viajando e deverá assumir no dia 25. A indicação vazou e gerou surpresa no PTB e no MDB, tendo em vista que Vanessa foi advogada da campanha de Maranata a prefeito.
No final da tarde dessa sexta-feira, fontes do Governo confirmaram o convite, mas não garantiram que o martelo foi batido. Frisson nos bastidores.
Vamos falar sobre Guaíba?
Como tudo começou e como estamos hoje? Como se formou a sociedade? Como se deu o desenvolvimento social, econômico e cultural? E a Borregaard, como veio parar aqui? A ligação hidroviária entre o Sul e o Norte do Estado; o grande trauma; personagens que fizeram a diferença e a intensidade dos anos 2000. Como será o futuro do Município?
Estas questões, que estão no livro que escrevi – Guaíba: Outra Margem, lançado com grande sucesso na Feira do Livro, farão parte de uma conversa na Livraria Entrelinhas, no próximo sábado, dia 16, às 16 horas. Estão todos convidados; agenda aí. Vamos falar sobre Guaíba?
Leandro André
Publicado em 9/6/2018.
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