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Sexta-feira, 29 de mar�o de 2024

03/08/2015 - 09h01min

Leandro André

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Sobre a Celulose Riograndense

Eu já me manifestei algumas vezes sobre a ampliação da Celulose Riograndense, mas volto ao tema cada vez que acontecem fatos novos, como vazamentos ou manifestações públicas. Repito: todos em Guaíba sabiam que a produção seria quadruplicada, que uma fábrica de celulose dentro da cidade não é bolinho, que gera impactos ambientais importantes. A maioria da população, inclusive eu, apoiou o projeto de ampliação, considerando a geração de empregos e renda, bem como a promessa de que seria adotada tecnologia de ponta para evitar transtornos à população. Isso é fato.

Reclamações Distintas

As reclamações do barulho intenso, da poeira de madeira nas casas próximas da fábrica e do mau cheiro são legítimas, pois foi prometido que isso não aconteceria e está acontecendo. E mesmo que sejam problemas temporários, estão incomodando, são constantes e fazem mal à saúde, sim. Se uma pessoa não consegue dormir direito, se respira poeira de madeira e se o cheiro é tão forte que provoca náuseas, é claro que a sua saúde acaba prejudicada. O que está errado tem de ser corrigido e não negado.

Por outro lado, quando vejo pessoas que moram na frente ou ao lado da fábrica reclamando do visual, não entendo, pois quem mora na frente do mar enxerga o mar, e quem mora na frente de um parque industrial enxerga o parque industrial. A surpresa sobre a desvalorização de imóveis localizados ao lado da fábrica é outra que não consigo entender. Surpresa?

O Tempo e o Problema

A Celulose Riograndense afirma que tudo o que está acontecendo faz parte do processo de ajuste do sistema e os problemas serão resolvidos. Muito bem, mas é preciso considerar que, dependendo do impacto ambiental, cinco minutos é uma eternidade para quem sofre.

Uma Falha Importante

Percebo que existe uma falha importante na sintonia entre os setores técnico e de comunicação na empresa. E se essa falha não for corrigida imediatamente, poderá comprometer a confiança que a Celulose Riograndense conquistou na Aldeia. Eu explico.

Desconsiderando os ataques levianos nas redes sociais e os interesses ocultos de seus patrocinadores, pois não têm credibilidade, há problemas ambientais significativos que estão acontecendo e o setor técnico não está dando o devido peso. A questão do vazamento de dióxido de cloro, em maio, é um exemplo claro disso. Outro aconteceu na noite de terça-feira.

Entendo que os trabalhadores fizeram muito bem em se manifestar em frente à fábrica na noite de terça-feira, pois estão sendo atacados de forma covarde e leviana nas redes sociais. No entanto, flagrei uma incoerência indigesta. Em um dos cartazes apresentados por um trabalhador estava escrito: “Conversando a Gente se Entende”. Acontece que no momento em que alguns dos manifestantes contrários se dispuseram a debater “ao vivo”, uma especialista em Meio Ambiente Industrial retirou os funcionários que tentavam dar explicações. Isso aconteceu comigo também, que sou da Imprensa. Eu perguntei por que as falhas que provocam o mau cheiro não são resolvidas após a identificação da causa. Um jovem técnico começou a me explicar, quando a especialista em Meio Ambiente pegou o técnico pelos ombros, tirando-o de cena. Fiquei impressionado. Questionei o motivo daquele tratamento arrogante e me foi dito que o tom estava elevado. Comigo não teve tom elevado. Sou jornalista, e quando faço uma pergunta, a resposta é para a sociedade. Mas, mesmo que algum manifestante tenha elevado o tom, aquilo não era um retiro de padres. Não existe tom elevado que abafe argumentos consistentes. Em janeiro de 1999, o Greenpeace esteve na fábrica protestando, e depois de receber esclarecimentos técnicos, os manifestantes saíram em silêncio. Eu estava lá.

A população tem percebido odor forte com frequência, mas o setor técnico da empresa não tem a mesma percepção.

O morador da Rua Gomes Jardim, José Antônio Oliveira, me relatou o problema da poeira de madeira que de vez em quando invade o seu pátio, me mostrou fotos e correspondências que enviou para a empresa. Ele recebeu uma lavagem gratuita no seu carro. Mas será que lavar o carro resolve o problema? Existe um meio de evitar que isso aconteça? Entendo que, em certos casos, falta reconhecer o problema, e falta também mais informação. Na teoria, o controle está funcionando. Na teoria.

Sobra de Balaio

Há pessoas revoltadas com a fábrica e com a vida, que costumam dizer que a CMPC comprou toda a Cidade, menos elas, é claro, que acusam essa “sacanagem”. Eu entendo que todo aquele que acusa fácil alguém de se vender é porque se colocou à venda e ninguém quis comprar; é sobra de balaio.

Governador de Meia Tigela

O Governador Sartori, ao se manifestar por meio de redes sociais sobre o parcelamento de salários dos servidores, assumiu a postura de um governador de meia tigela.

Leandro André

[email protected]

Publicado em 1º/8/15.

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