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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

30/03/2015 - 09h26min

Leandro André

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Desdém ao Ambiente na Aldeia

A natureza foi generosa com Guaíba, mas, apesar disso, conseguimos transformá-la numa cidade com muitos problemas ambientais e desorganizada. E a causa do desdém ao ambiente é cultural.

Saindo do cenário da Orla, no Centro, onde a beleza natural se impõe, a feiura se revela em ruas esburacadas, entulhos nos logradouros repletos de sofás velhos, lixo espalhado por todos os lados, capim alto nos canteiros, nas praças e nos valos de esgoto. As praias Alegria e Florida se transformaram em ambientes medonhos por falta de cuidados.

E para agravar o feiume, em geral, as obras públicas são matadas em Guaíba. O acabamento é malfeito, e a conservação, pior ainda.

Recentemente, foi implantado um novo traçado viário na Zona Sul da Cidade, com avenidas, ciclovias e rotatórias. Tudo novo, mas para um visitante que passa pela região a impressão é de área abandonada devido ao desleixo. O mato tomou conta de muitos trechos das calçadas e dos canteiros, os gradis de metal estão retorcidos, existem postes, placas e telefone público no meio das ciclovias; e um barro vermelho se acumula em vários pontos.

A Concepa liberou a rua paralela à BR no dia 20 de fevereiro deste ano. Eu passei pela via e fiquei impressionado com o acabamento malfeito.

As praças Gastão Leão, no Centro, e da Luz, na Cohab, foram restauradas, o que é positivo, mas as obras de revitalização foram mal-acabadas. O Calçadão da Beira não recebe manutenção adequada. Como a vista é muito bonita, os defeitos passam despercebidos. No Parque Natural, os vândalos terminaram com as luminárias, que foram arrancadas e substituídas por gambiarras.

A Corsan e a Sulgás instalaram tubulações e deixaram diversas ruas totalmente desniveladas. Depois de muitas críticas, fizeram remendos parciais e de péssimo acabamento. É a “Casa da Mãe Joana”.

Dá vontade de chorar quando se entra em Guaíba pela Estrada do Conde. A degradação ambiental é assustadora.

A Rua São José, principal via da Cidade, todas as noites se transforma em lixão a céu aberto. Muitas calçadas são verdadeiras armadilhas. E não adianta reclamar, trocar de secretário, pagar fortunas pelo serviço de limpeza. O Governo Municipal se acomodou, não fiscaliza como deveria, não prioriza o meio ambiente; não se importa. A impressão é de que jogou a toalha.

Esta esculhambação faz parte da cultura local. Com o inchaço populacional pós-Borregaard, a cidadezinha bacana foi perdendo a sua identidade, assumindo o perfil de uma cidade dormitório. Boa parte da população passou a dormir na Aldeia e a trabalhar na Capital ou em outros municípios. Com isso, que se dane o ambiente. Há os que limpam seus pátios e atiram a sujeira no meio da rua, como se isso fosse natural.

Sim, há os que fazem a coisa certa, que reclamam, que exigem ação do poder público, mas é uma briga cruel, pois não encontram respaldo na Administração Pública. A prova disso é o número de reclamações que recebemos todos os dias na Redação da Gazeta.

Nas décadas de 1980 e 90, os governos praticamente se limitavam a manter o essencial funcionando meia-boca. Era comum ruas receberem uma camada fina de asfalto fraco. Praticamente, pintavam as vias de preto nas vésperas das eleições. Meses depois, nem sinal do asfalto.

Os prédios antigos estão sendo demolidos e a memória do Município vai se transformando em ruínas.

A retomada da travessia fluvial ligando Guaíba e Porto Alegre deu um impulso importante no processo de redescoberta da Cidade, que por aproximadamente três décadas foi engolida pela penumbra do dormitório coletivo. Ao cruzar o Lago de barco, as pessoas se deram conta da generosidade da natureza. E também passaram a se importar com os acontecimentos históricos daqui.

Questões culturais não mudam assim de repente a partir de uma linha de transporte fluvial. Mudanças culturais levam tempo, mas está na hora de refletirmos com mais profundidade sobre o nosso ambiente e começarmos a mudança. É imprescindível entendermos que as questões ambientais estão relacionadas com a saúde, com a qualidade de vida, com a história e com o futuro.

Há anos eu bato nesta tecla e continuarei insistindo até que as coisas comecem a melhorar. Isso faz parta do meu trabalho e da minha vida.

A Pergunta da Tia Alaíde

Em seu blog, com acesso pelo site da Gazeta, a Tia Alaíde questiona sobre o futuro prefeito de Guaíba. Ela alerta que não adianta responder com bandalheiras, pois ela não publica este tipo de comentário. Só vale resposta séria. “Na sua opinião, quem deve ser o próximo prefeito de Guaíba?”, pergunta a minha parenta. Essa é forte.

A partir da próxima semana, começo uma série de comentários sobre os pré-candidatos a prefeito que estão na lista da Tia Alaíde.

Leandro André

[email protected]

Publicado em 28/3/15.

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