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22/06/2020 - 09h59min

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Só levamos o que doamos

Noite de sexta-feira, 5 de junho de 2020. Leio uma revista chamada Sophia, número 41 (www.revistasophia.com.br). O artigo se chama “A Arte de Cuidar”, do psicólogo e antropólogo Roberto Crema. Ele fala sobre a saúde plena, “quando a essência transparece na existência”. Sobre cuidar de si e dos outros, por meio da escuta, da interpretação e da benção. Ressalta o valor da capacidade de abençoar, de levar ao outro um bom olhar e uma boa palavra.

Este tema ficou tão vibrante na minha mente, que me deu aquela vontade de compartilhar com os outros, desejando que o tema ofereça insights tão inspiradores como foi para mim.

Roberto Crema destaca que viemos nus e vamos partir nus desta vida. Tudo que julgamos ter nos será arrancado pela maestria da morte. A única coisa que a morte não nos pode tirar é aquilo que nós oferecemos, o que fomos capazes de ofertar incondicionalmente. Isto me levou a refletir: como gostamos de nos lembrar dos parentes, dos cidadãos da nossa cidade, do mundo? Lembramos daquilo que ofereceram de bom, do sorriso, da gentileza, da capacidade inventiva que entregava soluções, da presença nas horas difíceis, do cuidado para como nossa família humana. São as virtudes e as qualidades humanas que deixam o legado. E parece que aquele que já foi o homem mais rico do planeta, Bill Gates, entendeu isto já que tem dedicado sua vida a filantropia. Já deixou estabelecido que doará só parte de sua fortuna aos filhos. O resto será para investimentos sociais.

Outro insight que tive a partir do texto, foi sobre oferecer nossa atenção e nossa ajuda, mesmo depois que a pandemia estiver superada. Esta pandemia está sendo muito importante para este exercício coletivo da solidariedade. Esta crise passará; tudo passa. E me ocorreu da linda possibilidade de continuar a oferecer um olhar e uma escuta também em esferas humanas além da necessidade da sobrevivência, do alimento e abrigo. Lembro da frase: O homem que ofereceu só quando lhe pediram demorou demais.

Moro num condomínio e, aparentemente, nenhum vizinho está em situação de necessidade material. E, dádiva do texto, seria o caso de nos organizarmos para oferecer apoio imaterial?

No final do texto do Roberto Crema, ele conclui: “Ninguém transforma ninguém e ninguém se transforma sozinho; nós nos transformamos no encontro. O futuro da humanidade depende de uma pedagogia e de uma terapia do encontro”. Acrescento uma poesia de Fernando Pessoa, que foi incluída na matéria.

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.

A reflexão que me fiz e desejo partilhar, é que observando, entendendo e participando de movimentos de solidariedade para ajuda material, nesta pandemia, podemos continuar, depois de ter passado, oferecendo escuta e atenção. Se fomos agraciados de continuar vivendo, termos passado do risco deste contágio, que aproveitemos esta vida para viver da forma mais plena, mais saudável possível. E isto inclui se ocupar com a felicidade e o florescimento do outro.

Me despeço com mais uma dica do Crema, a saudação do povo Karuna do Havaí: Aloha! Que significa trocamos energia, trocamos amor. Cuide de você mesmo, para ter a disposição e a energia para cuidar do outro, da família, da cidade, do planeta. Quando partirmos, só teremos deixado nossas doações. Felicidade!

Joaquim Mello

[email protected]

Publicado em 19/6/20.

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