18/09/2017 - 10h07min
A pausa é um daqueles conceitos fundamentais, necessários, que por ser usado automaticamente, nós o banalizamos a ponto de não notar sua grandeza. Tipo amor de mãe. Existe, mas as vezes esquecemos de reverenciar, de apreciar e de agradecer sua existência.
Percebem que na música, por exemplo, identificamos os sons pela mudança de suas notas? E o que oportuniza esta percepção é a minúscula pausa entre uma nota e outra? A variação de frequência.
Anos atrás entrei em um shopping e coloquei atenção num relógio de parede daqueles que o ponteiro de segundos se move continuamente. Tive uma sensação simbólica de asfixia! Foi engraçado. Foi como se por uns poucos segundos eu sentisse minha vida sendo drenada num movimento sem fim. Como uma expiração sem tempo para inspirar. Foi ali que aprendi a reverenciar a pausa. Sem a pausa entre o tic e o tac, há vertigem.
Simbolicamente, é como se este espaço de tempo significasse a chance da escolha. O equilíbrio justo entre as partes, a chance de se posicionar diante de um estimulo, a chance de optar pelo caminho a seguir.
Observando a natureza, parece que ela é feita de ciclos complementares com uma pausa no meio. Inspirar e expirar, dia e noite, sístole e diástole do coração, trabalho, descanso... Mesmo na percepção das imagens, é o contraste entre cores e formas, espaços cheios e vazios, que nos fazem distinguir suas formas. Variações cromáticas como pausas de uma percepção única.
Os temas do equilíbrio, da harmonia, da beleza, da percepção de si mesmo e do outro estão imersos neste contemplar das pausas necessárias para dar sentido ao movimento, às ações, aos sentimentos. Tempo para falar, tempo para ouvir, tempo para o agir/exterior, tempo para o meditar/interior.
O convido esta semana para reverenciar as pausas na sua vida, a possibilidade de escolher o equilíbrio que produz harmonia. Sejam felizes!
Joaquim Mello
Publicado em 16/9/2017.
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