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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

24/10/2016 - 09h10min

Espaço do Sim

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A Sombra do Vento

Chorei no fim. A frase me arremessou para outro estado de percepção. O ruído animado das pessoas conversando na festa de aniversário desapareceu. A frase seguida de uma breve pausa, e uma expressão comovida, foi um convite irresistível para buscar este lugar emotivo, profundo, que meu amigo encontrou ao ler este livro – A Sombra do Vento. De Carlos Ruiz Zafón.

Pedi para ver, tocar no livro. E sorri, como quando somos apresentados para alguém com quem simpatizamos instantaneamente. Pude voltar a atenção para a festa. O compromisso estava feito. Irreversível.

Na segunda livraria, cinco longos dias depois, o comprei. Iniciei a viagem da leitura. A delícia das descrições em precisas, poucas e certeiras palavras de estados emocionais que talvez eu levasse minutos gaguejando para definir. O desfilar de personagens que visitam por ressonância nossos sonhos, medos, esperanças, aspirações, covardias, heroísmos.

Nada de comprar o jornal de domingo, hábito consagrado. Precisava do tempo livre para ler, adivinhar rumos e destinos. Divertir-me com um personagem que levado a mendicância nas ruas, retorna a uma vida de possibilidades ao cruzar seu destino com um jovem que descobre nele, uma criatura cheia de potencial. Revela um humor sofisticadíssimo, que me fez gargalhar algumas vezes, e outras tantas baixar o livro para saborear, sorver suas reflexões. Mortes trágicas, abandonos doídos, dedicações sobre humanas, amores impossíveis... E caso o leitor não tenha se conscientizado do fabuloso exercício de autoconhecimento que este livro, qualquer livro, proporciona, o autor põe na voz de um personagem na página 396: ...diz que a arte de ler está morrendo aos poucos, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que estes bens estão cada dia mais escassos... Simmm, é isto!!!!

Nove dias depois, empurrando horas de sono e compromissos em busca do convívio com o livro, por divertida coincidência, em uma madrugada plena de ventos que assoviavam nas janelas, vou me aproximando do fim, satisfeito, acompanhando a narrativa final, quando, nas ultimas 17 linhas, um diálogo entre um pai e um filho, de uma beleza, ternura e cumplicidade extraordinária, me fez compreender totalmente meu amigo. Chorei no fim.

Joaquim Mello

[email protected]

Publicado em 22/10/16.

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