Gazeta Centro-Sul

Contato: (51) 3055.1764 e (51) 3055.1321  |  Redes Sociais:

Sábado, 20 de abril de 2024

26/04/2021 - 11h47min

Daniel Andriotti

Compartilhar no Facebook

enviar email

Como é mesmo o seu nome?

Dar um nome ao filho que acaba de nascer é uma coisa muito séria. Isso porque ‘aquela palavrinha’ que vai na certidão de nascimento e posteriormente na carteira de identidade passa a ser uma marca social para o resto – e para depois – da vida. Afinal de contas, o nome permanece lá, gravado na lápide...


Muitas vezes, na ânsia de ‘inovar’ utilizando um termo exótico ou diferenciado para a criança que acaba de nascer, alguns pais perdem a noção do juízo e acabam registrando os filhos com algumas alcunhas de gosto duvidoso e que mais tarde podem desencadear um conflito entre ambos graças ao constrangimento do ridículo. Sem falar no bullying. Têm nomes, entretanto, que surgiram a partir de uma minuciosa pesquisa onde os pais ‘descobriram’ que o significado condiz com ‘algo muito especial’, esquecendo que somente eles e 0,001% da humanidade sabe disso.


A lei dos registros públicos, de um tempo para cá passou a ‘disciplinar’ – graças a Deus – esse poder que a família tem de querer chamar o rebento com predicados absurdos. Além de recomendar a grafia correta, os profissionais dos cartórios podem, inclusive, recusar escolhas hediondas e rebuscadas. Até porque nomes extremamente exóticos podem afrontar os direitos de personalidade daquela criaturinha que ainda nem sabe que mundo é esse. Mas depois, já no primeiro ano da maioridade, a pessoa descontente – e naturalmente revoltada – poderá providenciar a mudança diante de um juiz de direito.


Mas vamos lá: personagens de um filme marcante, galãs de novela ou artistas famosos, atletas e até mesmo deuses da mitologia podem inspirar pais descolados. E quando a ‘inspiração’ resolve mesclar as sílabas iniciais de pais ou avós? O resultado dificilmente agrada o restante da família. Pode acontecer também de um pai apaixonado por matemática batizar o filho com “Um, Dois, Três de Oliveira Quatro”. Ou o professor de português, que registrou a filha com “A, B, C da Costa D”. E o fanático por automóveis, que não teve nenhum pudor em lascar um “Chevrolet da Silva Ford” no seu filho. Tem a menina Nutella, esperança dos pais que a filha se transformasse numa pessoa doce. O Robocop, o Bin Laden, o Ultraman, a Madeinusa. Esse último foi autoria de uma doméstica que, ao lavar a camisa do seu patrão, viu que na etiqueta estava escrito “Made In USA”. Achou linda a frase e batizou a filha. Certa vez, o Fantástico entrevistou um pai de Belém do Pará que, emocionado com a conquista do Tri na Copa de 70, homenageou a seleção colocando no seu filho o nome de Tospericagerja da Silva. “Tos” de Tostão, “pe” de Pelé, “ri” de Rivellino, “ca” de Carlos Alberto, “ger” de Gérson e “ja” de Jairzinho. Félix, Piazza, Brito, Everaldo e Clodoaldo foram ‘cortados’ não se sabe exatamente porquê. Baby Consuelo e Pepeu Gomes tiveram seis filhos: Sarah Sheeva, Pedro Baby, Kriptus Baby, Nana Shara, Krishna Baby e Zabelê.


Quando as redes sociais passaram a fazer parte da vida de nove entre cada dez brasileiros, os registros civis começaram a receber pais que batizaram seus filhos com nomes como “Facebookerson”, “Instagreide” e “Twitternando”. E agora, diante de uma pandemia que nos assola há mais de um ano, desorientando sobremaneira a nossa saúde mental, não é de se estranhar que nos próximos anos tenhamos uma geração que vai se chamar “Coronilda”, “Pandemilson”, “Alcoolgeson”, “Lockdalson” e “Mascareide”...


Daniel Andriotti

Pubicado em 23/4/21.

Últimas Notícias

Este site da Gazeta Centro-Sul s
Ler mais

Aulas Presenciais em Guaíba
Ler mais

Monumento Farroupilha
Ler mais

Publicidade

Institucional | Links | Assine | Anuncie | Fale Conosco

Copyright © 2024 Gazeta Centro-Sul - Todos os direitos reservados