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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

30/11/2020 - 08h29min

Daniel Andriotti

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Dá um tempo, 2020

Não bastasse essa Covid que nos impede de pensar, de viver, de sonhar, de ser feliz... a semana foi excepcionalmente pesada. “Hard” como diriam os nerds. Primeiro, aquela estúpida morte por espancamento de um homem no estacionamento de um supermercado em Porto Alegre. E você, leitor, já vai entender por que não escrevi “aquela estúpida morte por espancamento de um homem negro no estacionamento...”. Aliás, eu lamento profundamente que o assassinato de uma pessoa seja tratado com a tônica do racismo, da ideologia, do oportunismo, da vantagem política de uma tragédia. Esse é um dos piores caminhos para o antagonismo social. A mídia hipócrita – o chamado “consórcio de imprensa” – é mestre nesse discurso. Ela é quem fomenta os protestos, a baderna, a depredação e faz girar a roda da intolerância para os mais ingênuos. A morte é idêntica para qualquer cor de pele.


Por conhecer o país onde eu vivo, racismo, sinceramente, tenho minhas dúvidas nesse caso. Houve, sim – e disso tenho certeza – espetáculo midiático: tudo o que o sensacionalismo precisava para o dia dedicado à consciência negra. Houve, sim, total e absoluto descaso com a capacitação adequada aos profissionais, tanto da gerência quanto da segurança do supermercado (cuja rede, faz tempo, já deixou de ser ré primária nesse mesmo tipo de caso). Houve, sim, covardia e nenhuma técnica de abordagem ou de contenção (se fosse o caso). Por isso, a pena tem de ser pesada para todos os envolvidos. Principalmente para quem os emprega.


Mesmo que se saiba de um desentendimento no interior do supermercado e logo em seguida uma agressão inicial por parte da vítima contra um dos seguranças a caminho do estacionamento (princípio estúpido da ação e reação), nada justifica os horrores dessa atrocidade. Como se não bastasse, ‘alguém’ teve acesso à ‘certidão criminal’ da vítima, recheada de ocorrências – por atos de racismo, inclusive – e não pensou duas vezes em despejá-la, sem moderação, na latrina das redes sociais.


O que aconteceu no Carrefour poderia ter sido com qualquer um de nós. Com nossos pais, filhos, irmãos, amigos. E é aqui que quero chegar: a circunstância associada à falta de qualificação induziria aqueles ‘profissionais’ a agirem daquela maneira diante de qualquer pessoa. Independente da cor. Do sexo. Da religião. Aliás, essa política de segregação, esquerda e direita, negros e brancos, ricos e pobres, homos e héteros, ateus e cristãos – que existe, eu sei – na minha opinião, já passou do limite.



Quando eu estava tentando assimilar todas essas coisas amargas, D’Alessandro ‘chama uma coletiva de imprensa’ para anunciar que – depois de 12 anos – vai deixar o Inter, definitivamente, no final do ano. Não o julgo. Eu também deixaria o clube caso os treinadores do time em que eu jogo tivessem a convicção de que sou reserva do Marcos Guilherme...


No dia seguinte, um acidente entre um ônibus e um caminhão no interior de São Paulo mata mais de 40 pessoas e deixa outras tantas dezenas em estado grave. E no momento em que escrevo essas mal traçadas linhas, fico sabendo que Diego Armando Maradona, o maior ícone do futebol argentino e um dos melhores jogadores do mundo de todos os tempos, partiu, aos 60 anos, para brilhar no futebol celestial. A patrulha incansável vai dizer: “mas era um viciado, porra louca, intenso, esquerdopata...”. Sim, era tudo isso mesmo. O que não impediu de me encantar e de admirá-lo por fazer o que fazia com uma bola (nos pés e ‘na mão’) dentro das quatro linhas.


Portanto, por favor, 2020, alivia...



Daniel Andriotti

Publicado em 27/11/20.

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