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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

03/11/2020 - 08h59min

Daniel Andriotti

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Honestidade no Futebol

A crônica esportiva – essencialmente a do Rio Grande do Sul – criticou de forma veemente nos últimos dias a utilização do VAR nos jogos de futebol. Para quem não sabe, o VAR é a sigla, em inglês, para ‘árbitro assistente de vídeo’, uma verdadeira revolução tecnológica na avaliação e na tomada de decisões, por parte das arbitragens, no esporte profissional. Até aí, compreensível, uma vez que o time preferido por 80% dos cronistas e setoristas das principais plataformas de comunicação do Estado tenha empatado em 0 a 0 um jogo onde o ‘tal do’ VAR – caso tivesse sido acionado pelo juiz – certamente teria modificado o resultado e, consequentemente, a posição do time na tabela do Campeonato Brasileiro. Isso é verídico. Mas antes que a patrulha de plantão contrate um jagunço para me executar, digo que a ‘banca paga e recebe’ e que não há pecado algum no fato da maioria absoluta dos profissionais de comunicação torcer para esse ou aquele time. Antiético, antipático e hipócrita é se ‘fazer’ de isento ou de imparcial.

Mas por que eu entendo que a existência do VAR é fundamental, essencialmente, no Brasil? Porque mesmo fazendo do futebol um esporte mais chato e menos emocionante, ele tornou a competição mais justa, mais exata e mais coerente. Seria um lamentável retrocesso caso tal tecnologia fosse banida, como defendem uns e outros. Isso porque o jogador brasileiro, além de marrento, falso, teatral, catimbeiro e dissimulado, é extremamente desonesto dentro de campo. Repito: dentro de campo. A maioria deles não perde uma única chance de ganhar – nem que seja apenas uma simples posse de bola – ‘no grito’ e na encenação. E aqui, são atletas de todas as cores e de todas as divisões.


Isso porque a malandragem no futebol brasileiro, em muitos casos, conta com a simpatia de torcedores, dirigentes e até mesmo de alguns segmentos da imprensa. Em 2017, lembro de um lance onde o jogador Rodrigo Caio, à época zagueiro do São Paulo numa semifinal de campeonato e diante do arquirrival Corinthians, assumiu que numa disputa de bola com o centroavante Jô, teria se chocado com Sidão, goleiro do seu próprio time. O juiz interpretou que Jô é quem havia machucado o goleiro e lhe aplicou cartão amarelo. Rodrigo Caio então, num gesto raro de honestidade no futebol brasileiro – à época, ainda sem a existência do VAR – pediu que a punição fosse retirada do adversário pois ele não tinha culpa nenhuma no lance. E o juiz anulou o cartão. O assunto deu muito pano pra manga... entre os prós e os contras.

Antes disso, lá em 2003, no finalzinho de um jogo entre Dinamarca e Irã, um atleta iraniano confundiu o apito de um torcedor com o do juiz imaginando que ele tivesse encerrado o jogo. E simplesmente pegou a bola com a mão dentro da sua própria área. O árbitro, é lógico, marcou pênalti. Detalhe: a Dinamarca perdia por 1 a 0 e era a chance do empate. Morten Hieghorst, meio campista dinamarquês, após consultar seu treinador, ajeitou com cuidado a bola na marca da cal e a chutou lentamente para fora, mesmo que seu time estivesse perdendo o jogo. É por essas e outras que a gente começa a entender por quê a Dinamarca é o país com o menor índice de corrupção no mundo. Lá, é muito provável que o VAR se torne obsoleto.

Semana que vem seguirei falando sobre futebol. Ou melhor: sobre o rei do futebol que completou 80 anos na semana passada. Mas não espere que eu fale apenas sobre o seu incomparável talento dentro das quatro linhas...

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 30/11/20.

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