Gazeta Centro-Sul
Sábado, 20 de abril de 2024
Publicidade
28/09/2020 - 09h19min
Daniel Andriotti
Variantes e Vertentes
Se o Brasil é um país que ainda dá certo isso é fruto da nossa teimosia. Nesse momento, o país tem mais de 70 mil funcionários públicos que estão nesse cargo graças ao nosso voto. São os chamados ‘funcionários eletivos’. Portanto, aqui não aparecem os ministros do STF, do STJ, ministros de Estado e assessores de primeiro, segundo, terceiro, décimo-quinto escalão de todas as esferas e que estão onde estão por indicação dos eleitos pelo voto. Ou seja, essa é a turma que não se elegeu a cargo nenhum, nem prestou concurso público. Mas está lá. Desses, que são dez vezes mais do que os eleitos, eu falo a seguir. Indiferente de voto ou de indicação, toda essa gente é paga por mim, por você, por nós, vós, eles...
Difícil de acreditar? Então, vamos lá: de cima para baixo, por esse Brasil afora, temos um Presidente da República e um vice. Depois, na Câmara, temos 81 senadores e 513 deputados federais. Nas Unidades da Federação, os estados, são 27 governadores com seus respectivos vices; e 1.049 deputados estaduais em 27 Assembleias Legislativas. Nos municípios, 5.568 prefeitos e vice-prefeitos; e 57.931 vereadores. Total: 70.794 políticos eleitos (e não estamos falando de nenhum partido específico).
Agora vamos para a turma do FI – Foram Indicados, sem voto, nem concurso. Na Câmara Federal são 12.825 assessores parlamentares. No Senado, 4.455. Nos estados, 27 mil assessores nas Assembleias Legislativas. Nos municípios, cerca de 600 mil assessores para quase 58 mil vereadores. Somou? 715.074 pessoas.
Quanto isso custa aos cofres públicos? R$ 248 mil por minuto; R$ 14,9 milhões por hora; R$ 357 milhões por dia; R$ 10,7 bilhões por mês; mais de R$ 140 bilhões por ano. E, para ajudar a eleger a turma do QI – os Quem Indica –, há um fundo partidário de R$ 6 bilhões. Tá pensando que terminou, leitor? Não. Tem um rombo na previdência social com aposentadorias alienígenas causado tanto pela turma dos FI quanto pelos QI...
Nesse momento, no nosso amado Brasil, existem 35 partidos políticos registrados no TSE e outros 73 em formação. Mas sabe o que tem de pior em tudo isso? A governança nas mãos dessa gente toda é zero!!! A gestão de tudo o que é público é zero!!! E por essa inoperância e incompetência nós pagamos quase R$ 150 bilhões por ano??? Como é que um país desses não quebra??? Como é que deixamos chegar nesse ponto???
O Inter está há 10 Gre-Nais sem vencer. E destes, há seis consecutivos onde levou sete e não foi capaz, sequer, de marcar um único gol. Isso dá nove horas sem marcar gols no seu maior rival. Hipoteticamente, imagine um Gre-Nal que inicie ao meio dia e termine somente às 9h da noite. Todo esse tempo jogando sem parar e sem que o time consiga fazer um único gol. Em 2014, em uma hora e meia o Brasil tomou 7 da Alemanha, mas conseguiu fazer um.
E por que isso acontece? São muitas variantes e vertentes. O grupo de jogadores é fraco, muito fraco. Muito abaixo da média para o padrão brasileiro de série A. A direção é derrotista, omissa, covarde, inoperante e sem capacidade de indignação. É o presidente lambe-botas que mais perdeu Gre-Nais de forma consecutiva em toda a história do clube. Três anos e nenhuma conquista. Nenhum campeonato gaúcho. Nem a Taça Cidade de Porto Alegre. Tirou o time da série B, é verdade. Mas nem essa foi capaz de ganhar. O treinador, por ser estrangeiro, fala um dialeto rioplatense entendido apenas por quem é argentino ou uruguaio. E é justamente esse o câncer do time. Com exceção de D’Alessandro, os demais hermanos de língua estrangeira do plantel jamais deveriam ter sido promovidos a jogadores de futebol profissional. E já que foram, está claro e evidente que não deram certo. E o Inter resolveu bancar e investir em todas essas causas perdidas.
Tem pior: daqui a alguns dias tem outro Gre-Nal, dessa vez pelo Campeonato Brasileiro. E a chance de reverter esse quadro é quase zero nos próximos meses. Isso significa que se aproxima o décimo-primeiro Gre-Nal sem vitória colorada...
Daniel Andriotti
Publicado em 25/9/20.
