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Sábado, 20 de abril de 2024

20/04/2020 - 09h40min

Daniel Andriotti

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A guerra como incubadora

Desde criança escutava os que vieram antes de mim dizer que a terceira guerra mundial provavelmente iria dizimar grande parte da espécie humana. Pois então, acho que “está caindo a ficha”. A diferença é que eu, do alto da minha vã ignorância em diplomacia internacional, acreditava que seria o velho tradicional confronto entre algum país rico e poderoso e seus aliados contra outro país rico e poderoso também cheio de aliados, em busca de maior poder econômico. Que esses países iriam disparar mísseis e bombas atômicas, além de exibir e utilizar toda sua força bélica com aviões, porta-aviões, tanques, canhões, drones... tudo o que há de mais agressivo para demonstrar quem era o mais forte.

Errei e errei feio. Descobri que o país mais forte nessa terceira guerra mundial não é o que tem mais armas de fogo. Não é o que investiu em aparato militar ou armamento nuclear pesado. O país que vai ganhar essa guerra é aquele que investiu em ciência, em saúde e em infraestrutura hospitalar. Isso porque o inimigo é oculto. Ele não é abatido com tiros. Só numa coisa eu acertei: muita gente vai morrer. Essa é uma guerra para inverter valores. Como assim? O petróleo, por exemplo. O chamado ouro negro. Sem consumo vale nada. O ouro hoje é gel transparente e só serve para desinfetar.


Shoppings fechados, lojas vazias. Para que comprar, se ninguém vai ver o sapato novo e caro comprado logo no lançamento da coleção outono-inverno? Carros importados que não saem das garagens. Viagens desmarcadas. A Disney perdeu o encanto e o Donald, não o pato mas o Trump, pede para que os americanos fiquem em casa. Em todas as línguas a palavra mais falada é essa mesmo: “casa”, que agora ganha um novo significado: além de moradia vira “abrigo”.


A muralha da China não impediu que o vírus se espalhasse. Deixamos todo o trabalho em cima das mesas e de um dia para o outro, tudo parou. A sensação de que faltou despedir-me de algumas pessoas. Fico imaginando que eu não posso perder ninguém, nem ir embora desse mundo sem me despedir. Será que faltaram abraços? Será que disse a todos que eu admiro o quanto eles são importantes pra mim? Não sei... Essa guerra nos deixou sem chão. Verdades tão óbvias apareceram e quebraram paradigmas. Precisou que o mundo parasse e o vírus ameaçasse nossa sobrevivência para que os pais percebessem que educação se faz em casa. E que escolas são centros de socialização. Que ensinar não é fácil e que professores são muito mais heróis do que aqueles que correm atrás da bola ou estão confinados numa casa alugada pela Rede Globo. Que os mitos estão nos hospitais, de máscaras e sem condições de trabalho; e não no Planalto onde a idiotização das pessoas toma forma humana e sem escrúpulos.


Se você aprendeu com a sabedoria dos mais velhos, sorte a sua. O mundo depois desse tsunami será mais jovem, com menos rugas, porém menos sábio. Irá mostrar para muitos de nós que o importante não são os custos, mas os valores. Que essa guerra sirva para rever conceitos e entender que rico é quem trabalha pois sem trabalho não existe riqueza. Que sem o homem a natureza se regenera e o céu é mais azul. Que amigos usam a tecnologia para se aproximar e que não existe distância para aqueles que se amam. Que vencer uma guerra sentado no sofá é uma benção quando a trincheira é a nossa casa e a granada mais perigosa é feita de água e sabão. E quando tudo isso passar, ufaaa.... olhar para essa quarentena – q

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Publicado em 17/4/20.ue parece interminável – e ver que ela serviu como uma grande incubadora. Pra tudo.

Daniel Andriotti

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