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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

25/03/2019 - 14h11min

Daniel Andriotti

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Números que mentem

Quando comecei a me interessar por futebol, a numeração às costas dos jogadores ia do 1 ao 11. O goleiro era 1, o lateral direito 2, o zagueiro central era 3 e assim por diante. O centro médio era 5, o craque do time desde sempre foi o 10 e o ponta esquerda era o 11. Ponto. Dentro dessa lógica (e até por uma progressão aritmética) o goleiro reserva era o 12 e o terceiro goleiro era o 22... Mas agora, tudo mudou: não existe mais o centro médio nem o ponta esquerda. E nem critério coerente para as numerações. E o pior: o que mais tem é perna-de-pau vestindo a 10.

Quem vive o dia a dia do futebol já deve ter escutado a frase: “esse time não tem um (camisa) nove!!!”. Traduzindo: “esse time não tem um centroavante tradicional. Aquele, plantado dentro da área feito mandioca”. As coisas mudaram tanto nas quatro linhas que, hoje, a numeração do goleiro pode ser 99, a do quarto zagueiro 65, e o lateral esquerdo usar a 38. O volante (que antes era o centro médio, agora é 42...). Caso um determinado jogador complete uma centena de jogos pelo time – o que é raro –, daí ele joga com a 100...

Diferente do rúgbi, o futebol não tem uma regra definida para a numeração das camisetas. Depende do time, do interesse do patrocinador, da influência do empresário, da simpatia do treinador e, na maioria das vezes, da mais absoluta marra dos jogadores (que fazem o que bem entendem nos clubes, tornando os dirigentes como seus reféns). Lembro que a seleção da Argentina, na Copa de 78, jogando em casa, distribuiu as camisetas utilizando o critério da ordem alfabética. Assim, o lateral-direito Alonso jogou com a número 1 e o goleiro, Ubaldo Filliol, com a 7. Esse 7, no caso, foi pelo ‘F’ de Filliol e não pelo ‘U’ de Ubaldo.

Mas a grande salada de fruta nas numerações das camisetas ganhou peso no futebol europeu (sempre eles): em alguns países, ao invés de pertencer a um zagueiro, o número 3 é do lateral esquerdo. E já vi o tradicional e cobiçado 9 na costas de um volante. Os números dos reservas, então... normalmente são distribuídos a torto e a direito, com exceção da 12, ao que tudo indica continua sendo a do goleiro. Mas mesmo assim, entre eles há um ‘certo’ critério: os números acima de 15 são de jogadores do meio pra frente e; de 15 para baixo, do meio campo para trás.

Há um livro chamado “Inverting the Pyramide”(Invertendo a Pirâmide), de Jonathan Wilson, que tenta explicar – entre outras tantas coisas – os números que envolvem o futebol dentro do campo. E isso vai desde as camisetas até os esquemas táticos mais malucos, como 3-2-4-1; 3-2-2-3; 3-5-2; 4-2-3-1 e o velho, antiquado e clássico 4-3-3. Mas para simplificar as suas impressões sobre os números dos jogadores: havia uma relação de 1 a 11 conforme a posição no campo: do “guarda-metas” para frente – tipo espinha dorsal – uma sequência de números ímpares; e da direita para a esquerda, os pares. Os nomes para essas posições (o zagueiro, back; o meio campo, centre half; e o atacante, centre full...), surgiram mais tarde. Por causa destas mudanças, o número dos jogadores que ocupavam cada posição foi se tornando diferente.

Então, se você acha complicado explicar a regra do impedimento para aquela sua amiga, irmã, mulher, namorada... melhor fingir que é surdo quando ela lhe perguntar “por que o atacante Gabriel Jesus utilizou a 12 na Libertadores, pelo Palmeiras, hoje veste a 33 no Manchester City, mas na seleção brasileira joga com a 9???”

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 23/3/2019.

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