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08/03/2019 - 14h48min

Daniel Andriotti

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Psicopatia

Ideologias de esquerda e direita são fatos. Não há como contestar que elas existem. Em qualquer lugar do mundo. E seus integrantes, de ambos os lados, se odeiam em qualquer lugar do mundo. Outro dia, Eduardo Bueno, o Peninha – de quem eu não gosto muito, mas respeito suas opiniões – dizia numa entrevista à rádio Jovem Pan, que no Brasil a direita teve 500 anos para fazer tudo o que deveria ser feito e acabou fazendo muito pouco. A esquerda, por sua vez, foi mais efetiva pois teve 16 anos e fez o que se esperava dela: nada!!!

O Brasil atravessa um momento extremamente delicado: de instabilidade, de desconfianças, de incertezas, de desapegos, de fartura de problemas políticos e econômicos e, é claro, de birrinhas e beicinhos entre ‘esquerdopatas’ e ‘fascistas’. E enquanto tudo isso acontece, torcedores de ambos os lados passam uma semana trocando farpas nas redes sociais porque Lula foi ao velório do neto.

Abre parênteses. Fui buscar no ‘amansa burro’ o significado de psicopata. Descobri que, entre outros sintomas, nem todo psicopata é uma pessoa violenta ou assassina, como vemos nos filmes de serial killers. Mas eles frequentemente fingem ter sentimentos genuínos em relação a outras pessoas. São características de psicopatas: a capacidade de manipulação e de conquistar facilmente a simpatia de alguém. Por isso, muitas vezes ocupam cargos relevantes onde exercem poder. Outro detalhe: um psicopata é caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, narcisismo, egocentrismo, falta de remorso e de culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Entre outras coisas, os psicopatas são impulsivos e não assumem responsabilidades. Mas atenção: psicopatia não é loucura. É um grave transtorno de personalidade. Fecha parênteses.

A morte de uma criança por si só aniquila qualquer argumento. Meu avô dizia que a lei natural das coisas deveria ser muito clara: ‘quem vê nascer, não pode ver morrer’. Teve gente, absolutamente desocupada buscando dados na internet para saber se realmente o MST havia destruído um laboratório que pesquisava vacinas contra a meningite; outros vasculharam vídeos antigos do Jornal Nacional que mostrava dados do governo Lula, cancelando a gratuidade da vacinação contra a mesma doença. Para quê isso??? A quem isso interessa???

O ex-presidente Lula é um presidiário. Se está preso é porque cometeu crimes. E presidiários e criminosos só podem sair da cadeia em pleno cumprimento da pena caso sejam autorizados pela justiça. Mas eu entendi que, sim, Lula deveria ser liberado da prisão em Curitiba para acompanhar o enterro do neto não pelo fato de Lula não ser um assassino, um traficante, um homicida, um estuprador. Mas sim, pelo fato de ter sido um Presidente da República extremamente popular e democraticamente eleito pelas urnas por duas vezes. Sentimentalismos a parte, a justiça pode – com base na Lei de Execução Penal – permitir a saída temporária de um detento para se despedir de um ente querido. Basta que o Ministério Público Federal e a Polícia se mostrem favoráveis ao pedido de defesa do detento. E isso foi feito. E, naquele momento, eu aplaudi.

Fiz essa defesa (não nas redes sociais mas sim àquelas pessoas que me abordaram nas ruas para saber o que eu pensava) e logo em seguida me arrependi. Me arrependi porque – nesse episódio – identifiquei em Lula um psicopata. Ele agiu tal qual a sua esquerda ideológica. Fez o que se esperava dele: transformou o velório do neto num ato político. Usou a capela mortuária como palanque. Não perdeu a oportunidade de fazer da tragédia familiar um comício junto ao caixão da criança para atrair a luz dos holofotes à sua causa. Mais uma vez, jogou para a militância, a sua torcida organizada. Debruçado sobre o caixão com o corpo do menino teria dito, entre outras coisas que “tem um compromisso de provar a sua inocência e mostrar quem é e quem não é ladrão nesse país”.

- Não, Lula. Seu neto tinha sete anos e não sabia nada sobre política, falcatruas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Seu gesto seria gigantesco se, simplesmente, à beira do caixão você dissesse: “vai com Deus, meu neto. Vovô te ama...”. A direita fascista iria lhe aplaudir de pé. Lula mostrou que seu amor pelo partido e pelo dinheiro sujo supera seu amor pela família. Logo, a definição de psicopata para quem age dessa forma não é leviana.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 9/3/2019.

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