Gazeta Centro-Sul
Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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02/01/2019 - 14h27min
Daniel Andriotti
Sabe de nada, Nostradamus
Vá de retro 2018. Que ano complicado!!! Cruz, credo!!!… Que aninho cretino. Nunca antes na história desse surrado país fomos tão roubados, enganados, iludidos, chamados de bestas humanas e otárias por todos aqueles que detêm o poder sobre os nossos destinos. Sim, eu sei: os anos anteriores – talvez as décadas – não foram diferentes. Um pouco mais, um pouco menos, mas a média do estrago é sempre assustadora. No entanto, nesses últimos anos é que tomamos conhecimento da real dimensão do quanto somos vulneráveis à capacidade desonesta e cruel daqueles que elegemos e a quem entregamos o nosso suado dinheirinho. Dinheirama, aliás. Que deveria ir para a saúde, para a educação, para a segurança pública. E isso acontece em todas as esferas de poder...
O pior é que, em determinados momentos – brasileiro sempre procura um lado bom em tudo – a gente pensa: ‘essa roubalheira vergonhosa e explícita veiculada por todas as mídias, vai servir, pelo menos, para que essa politicalha bandida e insaciável fique um pouco mais receosa e dê uma freada nas suas ações de imperdoáveis saques aos cofres públicos’. Nada disso. Ledo engano. Parece que quanto mais se fala e mais se divulga, a ganância se multiplica.
Estudiosos da obra de Nostradamus, o mais famoso vidente que já pisou na camada terrestre, interpretaram algumas profecias desse médico francês que morreu em 1566 mas que citavam algumas ‘mal traçadas linhas’ para esse ano que ora acaba. Mal traçadas mesmo. Uma delas, é de que em 2018, um grande líder da igreja católica ‘ia fazer a passagem’. Até ontem, o papa ia muito bem obrigado. Outra: a espécie humana conseguiria conversar com os animais. Até onde se sabe, somente o filme “Dr. Dolittle” confirmou a façanha. Terremotos, furacões, vulcões também tinha. Esses, todo ano tem. Portanto, Nostradamus, desculpe tá? Acredito mais na Mega-Sena da virada...
No final do ano passado, as crenças populares previam que 2018 seria o ‘ano da justiça’. Ou tudo o que fizemos de ruim acabaria voltando de alguma maneira. Devo ter feito muita coisa ruim sem saber porque tive um ano bem difícil. Mas nem de longe do que foi o ano de Lula e de João de Deus, por exemplo. A Operação Lava-jato (desculpe leitor, você tem todo o direito de não gostar dela e achar que ela é parcial e o juiz Sergio Moro é um canalha e demagogo) atingiu frontalmente alguns dos principais nomes da política tradicional que estão envolvidos até o pescoço com corrupção, desvios de verbas, fraudes, maracutaias, lavagem de dinheiro. Se o ex-presidente da república mais honesto e popular da história está preso por causa dela... o meu sonho é que outros tantos lhe façam companhia na cela. Independente de nomes, de partidos, de raça, de credo, de opção sexual...
Mas vem aí um novo ciclo. Que rumo nosso País irá tomar? E qual a expectativa eu vou ter para o Brasil do futuro? Com o título “O dilema do brasileiro: entre a descrença no presente e a esperança no futuro”, um estudo da FGV mostra um profundo descolamento do brasileiro em relação ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo. Retrato de que foi duro ser brasileiro nessa década, né?
Nem tão duro assim, em 2018, foi ser colorado. Rezamos para encontrar o Vitório Píffero na rua. Conheço alguém que o encontrou: a Polícia Federal. Torcemos muito por Potker, por Fabiano, por Rossi, por Moledo, por Jonathan Alves, por Damião... o que não adiantou muito porque de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Torcemos para não cair para a série B de novo e, para nossa surpresa, beliscamos o título brasileiro e ainda fisgamos uma Libertadores. Tá certo que caímos no “grupo da morte” – nenhuma novidade – enquanto que o coirmão vai pegar os mesmos ‘zumbis’ de sempre, o que já inscreve seu nome nas oitavas de final. Mais um calvário cujas encruzilhadas do caminho tem sempre uma galinha de despacho, depenada, agonizando, a esperar pelo Grêmio.
Vem 2019. Mas por favor, alivia um pouquinho, né? Em tudo.
Daniel Andriotti
Publicado em 29/12/2018.
